Artigos

Reputação corporativa e cibersegurança em causa

Quem nunca ouviu falar ou vivenciou uma experiência de spoofing de site? O nome não é, certamente, familiar, mas o que vos vou descrever acredito que sim. Este fenómeno acontece quando, ao navegar na Internet, entramos numa página, remetidos por um anúncio, um clickbait (título apelativo) ou um link. No entanto, somos imediatamente direcionados para um site falso, muito semelhante ao original. A julgar que estamos na página verdadeira, descarregamos dados pessoais, fazemos compras, etc.

Se isto acontecer, não só é posta em causa a reputação de uma instituição, empresa ou marca como estamos perante uma grave ameaça de cibersegurança.

Portanto, que as fake news são uma ameaça a vários níveis, não é novidade. Que devemos estar atentos ao que partilhamos nas redes sociais e que não devemos acreditar em tudo o que nos chega, lemos e ouvimos, também. Talvez sobre o que não tínhamos ainda refletido era sobre as consequências que a partilha de conteúdos falsos tem no âmbito corporativo (para além das evidentes a nível pessoal).

A propagação de conteúdos falsos ou enganosos tem suscitado alguns alertas por parte não só dos especialistas da área da comunicação como dos da segurança da informação, que estão cada vez mais de mãos dadas face a esta problemática.

É que, por um lado, as fake news podem ter efeitos devastadores para as instituições, empresas e marcas e representar mesmo um risco, pondo em causa a reputação corporativa, porque as novas tecnologias de informação e as redes sociais tornam as organizações mais vulneráveis.

As ameaças podem fazer-se com recurso a inteligência artificial e a tecnologia habilitada, como os deepfakes, e serem difundidas através de partilhas individuais ou de forma automática.

É que, sobretudo graças à Internet, o consumidor e o público em geral adquiriram um poder determinante na proliferação de desinformação. Como tal, as instituições, empresas e marcas não podem ignorar esta hipótese, tendo presente que muitas vezes se tornam vítimas por motivações políticas, financeiras, emocionais ou de carácter interno, como um empregado ou um colaborador descontente.

Por outro lado, uma vez que as fake news são conteúdos falsos ou enganosos que têm como principal objetivo desinformar ou manipular, estas podem esconder ciberataques, sendo, portanto, uma ameaça para a cibersegurança. É que, através das fakes news, é possível propagar-se malware ou realizar ataques de phishing (técnica de crime cibernético que recorre à fraude, truques ou enganos para manipular as pessoas e obter informações confidenciais).

Como tal, embora seja essencial haver um combate a nível tecnológico que impeça a criação e a proliferação de fake news, é também fundamental consciencializar os utilizadores. Conscientes da importância da educomunicação e da literacia mediática, não podemos pensar que esta é uma tarefa apenas da classe docente. Precisamos do envolvimento de todos.