A Guerra Mundo

Museu de Auschwitz diz ter sido alvo de uma campanha de propaganda russa

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O museu de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, denunciou hoje que foi alvo de uma campanha de propaganda "primitiva", espalhada por agências estatais russas nas redes sociais, onde surgiram imagens "anti-Rússia" associadas ao antigo campo de concentração.

Segundo o museu, várias publicações nas redes sociais alegam erradamente que foram colocados autocolantes anti-Rússia ao redor do memorial, no local do antigo campo de extermínio de Auschwitz, no sul da Polónia, uma área sob ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial.

"Rússia e russos", os autocolantes que aparecem em imagens falsificadas dizem "o único gás que vocês e o vosso país merecem é o Zykon B", numa referência ao gás que os alemães utilizaram para o extermínio em massa de judeus e outros entre 1940-1945.

Estas imagens foram partilhadas na rede social Twitter por 'sites' oficiais russos, incluindo a delegação russa do controlo de armas em Viena e que foram novamente partilhadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

As publicações pareciam procurar chamar a atenção para a "russofobia" que Moscovo tem defendido desde o início da invasão russa da Ucrânia, sendo que algumas alegavam que os autocolantes eram obra dos ucranianos.

Várias publicações 'online' alegam que os autocolantes foram colocados em 22 de junho, aniversário da invasão da União Soviética pela Alemanha nazi em 1941.

O Exército da União Soviética libertou Auschwitz em 1945.

O museu divulgou, por seu lado, que nenhum destes autocolantes partilhados nas redes sociais foi encontrado nos locais retratados nas imagens e que as câmaras de segurança não captarem ninguém a afixar algo naqueles locais antes e depois de 22 de junho.

Auschwitz-Birkenau explicou também que uma análise mostrou que as fotos foram manipuladas e os autocolantes adicionados digitalmente.

"Tudo indica que as fotografias são simplesmente uma manipulação", atirou o museu, descrevendo as imagens como "propaganda primitiva e grosseira".

Este espaço é um símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram neste campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, o Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu que o objetivo era "desnazificar" o país vizinho, cujo Presidente, Volodymyr Zelensky, democraticamente eleito, é judeu e perdeu familiares no Holocausto.

"O uso do Memorial de Auschwitz-Birkenau para propaganda, que dá credibilidade à suposta russofobia e fortalece as teorias sobre a necessidade de desnazificação da Ucrânia, deve ser combatido por todas as pessoas pensantes em todo o mundo", acrescentou o espaço.