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A banca e o cliente contribuinte

São tempos muito difíceis os que vivemos hoje. Por exemplo, para quem teve necessidade de recorrer a empréstimos. Para habitação, negócio, compra de carro ou pagar os estudos aos filhos que, quando vão para fora e precisando onde ficar, bastas vezes, são alvo de indecorosas especulações e incumprimentos por parte de proprietários sem escrúpulos.

É a inflação, a recessão e as curas que o BCE encontra para tentar inverter a tendência. O aumento das taxas de juro que daí advém colocam milhares de pessoas em situação de grande desconforto. São as prestações mensais que se tornam impossíveis, as letras pequeninas que não são faladas aos clientes e acabam por traí-los, são as comissões, os juros, as taxas que afinal não são fixas e pareciam, e as escondidas, de amortização e de liquidação, que muitos estão obrigados sem que, previamente, os tivessem informado da sua existência.

É o mesmo sistema bancário que nos tempos em que tudo corre bem, dá lucros e esses lucros são distribuídos pelos accionistas. Privados. Quando acumula prejuízos esses prejuízos já não são privados, mas públicos. Do Estado. Dos contribuintes. Isto é, quando é para ganhar, ganham os privados, quando é para perder, perde o público, que é o mesmo que dizer o povo.

Com o devido respeito pelo justo que não tem de pagar pelo pecador, tudo isto parece transportar um elevado grau de imoralidade.

Mais custoso fica aceitar quando passa a ser esse povo a ter dificuldades e não conta com a devida solidariedade estatal, tal como vem acontecendo com a banca, felizarda, insensível e gananciosa que, depois de servida, explora até o tutano o desprotegido cliente. O tal contribuinte que vem solvendo os seus desmazelos.