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Chega quer garantias de que Portugal não recebe terroristas "disfarçados de refugiados"

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O partido Chega questionou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros sobre o número de refugiados afegãos que Portugal vai receber e que medidas o Governo irá tomar para que não entrem "terroristas islâmicos disfarçados de refugiados".

Numa pergunta entregue no parlamento e dirigida ao ministro Augusto Santos Silva, o deputado único e líder do Chega, André Ventura, refere que "o Governo português, até este momento, ainda não foi claro no que respeita ao esclarecimento do número de refugiados que pretende acolher nem sobre a forma com que o fará, exigindo-se um célere esclarecimento desta matéria".

"Por outro lado, importa ainda compreender de que forma e com que medidas pretende o Governo acautelar que, sob um disfarce de refugiado, não entrem em Portugal terroristas islâmicos que uma vez entrados e residentes em território nacional possam colocar em causa a segurança de todos os portugueses", alertou.

O deputado do Chega referiu ainda que outros países que executaram "políticas de migração sem qualquer critério se viram a braços com atos de pura selvajaria dentro das suas fronteiras".

"Portugal não pode colocar-se numa posição em que, para tentar ajudar países estrangeiros, acabe por colocar em causa a sua própria segurança. É fundamental saber o que foi planeado e executado pelo Governo português", reiterou.

"Perante o novo cenário político afegão e as contraditórias notícias que vão sendo veiculadas pela imprensa nacional, quantos refugiados vai Portugal, acolher?", questiona Ventura, na pergunta entregue na Assembleia da República.

O deputado do Chega pergunta, por outro lado, "que medidas serão tomadas por forma a garantir que não entrarão em território nacional terroristas islâmicos disfarçados de refugiados".

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, vai receber hoje à noite no Aeroporto de Figo Maduro os militares portugueses destacados para apoiar o esforço de retirada de cidadãos afegãos de Cabul e, com eles, o primeiro grupo de cidadãos identificados pelas autoridades portuguesas.

Em declarações à Lusa, hoje à tarde o ministro referiu que os militares portugueses retiraram 58 cidadãos afegãos, incluindo intérpretes e tradutores, assim como os seus familiares, que colaboraram com as Forças Nacionais Destacadas (FND) portuguesas.

Numa fase inicial, o ministro da Defesa indicou que Portugal irá receber "bem mais" do que os 58 cidadãos afegãos retirados e do que os 50 a que o Governo já se tinha comprometido no âmbito da NATO e pela União Europeia.

"Virão também outros que Portugal se comprometeu já a trazer (...) das Nações Unidas. No total nós temos capacidade de receber 300 no imediato. Agora, este número terá de ser aumentado nas próximas semanas, não tenho dúvidas sobre isso", avançou.

Nesse âmbito, Gomes Cravinho refere que irá ser discutido "no plano europeu" como trabalhar a "vaga de afegãos que virão para a Europa", participando Portugal "obviamente" nesse "esforço coletivo".

"Para além disso, é evidente que a nossa disponibilidade continua para receber outros afegãos que saiam do país, que tenham a possibilidade de vir para a Europa", afirmou.

Os quatro militares portugueses encontravam-se em Cabul desde quarta-feira de madrugada, tendo como missão apoiar a retirada de cidadãos afegãos do país.

Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na NATO, incluindo Portugal.