Desporto

Tóquio com recorde de participantes apadrinha duas estreias nos Paralímpicos:

Portugal vai estar representado nos Jogos Tóquio2020 por 33 atletas de sete modalidades

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Foto EPA

Tóquio vai apadrinhar a estreia do badminton e do taekwondo nos Jogos Paralímpicos, numa edição adiada por um ano devido à pandemia de covid-19, e que contará com uma participação recorde de 4.400 atletas, entre os quais 33 portugueses.

Na capital nipónica, que pela segunda vez acolhe a competição, vão marcar presença atletas de 131 países, uma delegação de refugiados e a representação da Rússia, que competirá sob bandeira do seu comité paralímpico, devido aos escândalos de 'doping' que ditaram a suspensão do país.

Há quatro anos, os atletas russos não marcaram, pelo mesmo motivo, presença nos Jogos Rio2016, na primeira vez que a competição se realizou na América do Sul.

Em Tóquio, os 4.400 atletas vão competir em 22 modalidades, num total de 539 eventos, numa competição que tem crescido ao longo de 15 edições e que está já formalmente ligado aos "irmãos" olímpicos.

A partir de 2012, ano em que Londres acolheu os Jogos, depois da passagem por Pequim em 2008, as candidaturas de cidades à organização de Jogos Olímpicos terão que incluir também indicações para a realização dos Jogos Paralímpicos.

Contabilizando o número de atletas e de países participantes, os Jogos Paralímpicos são definidos como o segundo maior evento mundial desportivo, depois dos Jogos Olímpicos.

A génese dos Paralímpicos remonta a 1948 e Stoke Mandeville, a cidade inglesa onde o neurocirurgião Ludwig Guttmann organizou uma prova desportiva para veteranos da II Guerra Mundial com lesões na espinal medula (em cadeira de rodas), a que chamou Jogos Nacionais de Stoke Mandeville.

Quatro anos mais tarde, o "[Pierre] Coubertin dos deficientes", como foi apelidado pelo Papa João XXIII numa referência ao mentor dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, organizou os primeiros Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, que coincidiram com os Jogos Olímpicos de Londres1952 e já com a participação de atletas holandeses

Com a realização dos Jogos Roma1960, Guttman delineou o paralelismo e "batizou" o movimento desportivo de atletas portadores de deficiência de Paralímpicos.

Em Roma, estiveram 400 desportistas de 23 países, que competiram em oito modalidades, números bem mais "magros" do que os atingidos nos Jogos Atenas2004, onde 140 países estiveram representados por 4.000 atletas.

A coincidência do mesmo ano, país, cidade, Aldeia Olímpica, infraestruturas e Comité organizador aconteceu apenas em Barcelona1992 e foi confirmada em Atenas2004, embora desde Seul88, Jogos Olímpicos e Paralímpicos, tenham utilizado os mesmos espaços de competição.

Em 1968 e 1980 não se verificou a coincidência do país, enquanto a edição de 1984 se desenrolou em dois países distintos (Reino Unido e Estados Unidos).

Das 15 edições dos Jogos Paralímpicos, 10 realizaram-se na mesma cidade dos seus "irmãos" olímpicos: Roma1960, Tóquio1964, Seul1988, Barcelona1992, Atlanta1996, Sydney2000, Atenas2004, Pequim2008, Londres2012 e Rio2016.

Em 1972 (Alemanha), 1976 (Canadá) e 1984 (Estados Unidos) registou apenas coincidência do país.

Voltando a recuar no tempo, o ano de 1976 (Toronto) marca o alargamento da competição a atletas deficientes visuais e amputados e o início das edições dos Jogos Paralímpicos de Inverno, com a sua realização na Suécia. Em 1980 são incluídos no programa de provas desportistas atletas com paralisia cerebral.

Portugal, que se estreou nas competições paralímpicas em 1972, na Alemanha, vai estar representado em Tóquio por 33 atletas, que vão competir em sete modalidades.

Portugal estreia-se na canoagem com o vice-campeão mundial

Portugal vai estrear-se na canoagem paralímpica nos Jogos Tóquio2020 com dois atletas, entre os quais Norberto Mourão, vice-campeão mundial e campeão europeu, e parte com esperança de conseguir "um diploma ou até uma medalha".

"O objetivo é dignificar as cores de Portugal e, quem sabe, ouvir o hino", disse Ivo Quendera, coordenador da canoagem portuguesa nos Jogos Paralímpicos Tóquio2020, que decorrerão entre terça-feira e 05 de setembro.

O responsável garante que "Portugal é candidato a resultados de destaque, nomeadamente diplomas e uma possível medalha", mas refere que o mais importante "é chegar às finais" nas quais, lembra, "todos são candidatos à vitória".

Depois de ter não ter conseguido, por muito pouco, a qualificação para os Jogos Paralímpicos Rio2016, Norberto Mourão chega a Tóquio como vice-campeão do mundo, campeão da Europa, e com vários pódios em Taças do Mundo e um triunfo no evento teste para os Jogos Paralímpicos Tóquio2020, realizado em 2019, antes do início da pandemia de covid-19.

A Norberto Mourão junta-se, em Tóquio, Alex Santos, numa modalidade na qual várias condicionantes externas têm, lembra, Ivo Quendera, "uma influência decisiva na prestação dos atletas".

"Em Tóquio, vamos enfrentar vários desafios, entre os quais o clima, com calor e uma humidade descomunal, e o facto de a pista ter vento lateral e ser de água salgada, o que faz com que a embarcação esteja mais fora da água do que nas pistas de água doce", refere.

Ivo Quendera afirma que a pandemia, que obrigou ao adiamento dos Jogos Paralímpicos, influenciou de "forma negativa" a preparação dos atletas e não permite "ter uma ideia muito clara sobre a concorrência", mas garante que "a força de vontade toma conta dos problemas".

No Sea Forest Waterways, entre 02 e 04 de setembro, os dois canoístas portugueses deverão disputar duas qualificações até chegarem às finais das respetivas categorias, podendo o número ser reduzido para uma, caso consigam apuramento direto na primeira ronda.

Antes dos Jogos, que começam na terça-feira, os dois canoístas portugueses estão a realizar um estágio de aclimatação em Komatsu, na pista de Canoagem do lago de Kiba, a cerca de 400 quilómetros de Tóquio, onde terão oportunidade com atletas japoneses da modalidade, que também vão participar nos Jogos Paralímpicos.