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O covid, a pandemia, a economia e a Madeira

No principio de Janeiro a D.G.S. considerou «um bocadinho excessivo» a possibilidade de contágio entre humanos, e de não existir «grande possibilidade» de o vírus chegar a Portugal .

Poucos dias depois, este organismo afirmava : Já se sabe o genoma deste vírus, está circunscrito à cidade chinesa onde ocorreu, há uma fraquíssima possibilidade de ele se transmitir de uma pessoa para outra.

Mais adiante afirmou «não há possibilidade» de chegar um vírus destes a Portugal, mesmo na China o surto foi contido, era necessário que uma pessoa estivesse nessa cidade, nesses mercados e que tivesse vindo para Portugal.

Em Fevereiro, em Portugal foram detectados 78 casos, e um homem em estado crítico.

Passaram dois meses, a OMS declara a Pandemia, covid 19 , isto é todos os Continentes tinham doentes infectados com o vírus.

A Ministra da Agricultura, a 5 de Fevereiro afirmou que o corona vírus podia ter «consequências positivas para as exportações portuguesas do sector agro-alimentar para os mercados asiáticos , atendendo a que é um mercado emergente em crescimento explosivo, temos de preparar-nos para correspondera nossa ambição que é de reforçar as nossas vendas e equilibrarmos a nossa balança comercial» Três dias depois lamentou que as suas declarações tivessem sido mal interpretadas.

Veio para ficar a pandemia , Portugal foi elogiado pela Bélgica, e o Canal RTBF afirmou: « além dos poucos casos , Portugal tem treze vezes menos mortos , em comparação à sua população do que a Espanha».

O Governo tomou medidas e houve auto-disciplina dos portugueses, as pessoas fecharam-se nas suas casas, pararam de ir a cafés, bares e restaurantes e tiraram as crianças das escolas.

Em Abril, o Primeiro Ministro Espanhol fez um elogio a Portugal e «pediu humildemente unidade e lealdade institucional» aos partidos da oposição , tal como fez Rui Rio em Portugal, mas nessa altura a Espanha era o segundo com maior número de mortos.

Os comentadores , especialistas em virologia, estavam no êxtase de felicidade, a Suécia com o triplo da capacidade de cuidados intensivos de Portugal tinha o triplo de situações da nossa terra.

Hoje, devido à situação de desconfinamento, em particular Lisboa e Vale do Tejo, Portugal é o segundo pais da Europa em situação covid per capita, logo atrás da Suécia ,o que levou a que o presidente da CML tenha pedido a cabeça da Ministra do seu partido e outros quadros superiores.

A situação nos lares em Portugal continental é uma calamidade, na Madeira é a tranquilidade apesar de ser necessário reforço de meios humanos.

A Madeira, em Janeiro, começou a trabalhar arduamente num plano de contingência anti- covid e os resultados estão aí, zero mortos enquanto nos Açores tiveram mais do que uma dezena e a nossa Região teve metade dos casos positivos do Açores

Por aqui só se falava na necessidade de mais ventiladores como se tratasse de ventiladores de janela para circular o ar. Cada ventilador de cuidados intensivos custa mais de 20 mil euros e com outro equipamento associado chega a 30 mil, mas é necessário adaptar essas áreas espaciais com ar condicionado especial ,gases medicinais etc. .

Mas além de tudo isso é importante saber que por cada 4 camas intensivas é necessário 3 médicos por dia e 12 enfermeiros especialistas, o que juntando sábados domingos e férias será necessário mais 50% de recursos humanos.

Portugal passou de melhor aluno para segundo pior da Europa, e a Madeira lugar hiper-seguro sofre com esta situação em termos turísticos e económicos.

A Comissão Europeia considera que a economia na zona euro vai contrair 8,7%,sendo que a Espanha contrai 11%,a França 10,65 ,a Itália 11,2%,Portugal 9,8 % , mas o nosso D Sebastião Costa e Silva diz que vamos contrair 13%,que o desemprego será o dobro ,tudo isto admitindo que não haverá segunda vaga As exportações vão cair mais de 15% e vão ficar ao nível de 2009 mas a divida pública chegará aos 140%,desconhecendo-se a dívida privada e o crédito mal parado.

O PIB da Madeira é cerca de 5 mil milhões de euros, sendo 30% do sector do turismo ,outros tantos da construção civil, isso significa que por inactividade hoteleira perde-se cerca de 120 milhões de euros mensais.

As despesas da saúde sobem a pico, a educação também e a segurança social aumenta exponencialmente quando as receitas caem drasticamente.

Diminui a cobrança dos impostos ,IVA , IRC, IRS etc ,o pessoal ( cerca de45% )está em lay- off, aumenta a despesa pública, ou seja vamos ter novos impostos no futuro.

Um casal da classe média que receba 2000 euros mensais, com o lay -off receberá 1320 €, ou seja perde 680 € mensais mas as despesas obrigatórias mantém-se, passam a proletários envergonhados. Quem trabalha no Estado sofre menos ,ou nada, os trabalhadores do sector privado estão lixados, vamos ter trabalhadores contra trabalhadores

Que será feito aos desempregados , e, daqueles que estão naquela idade que ninguém os quer para trabalhar, e dos jovens á procura do primeiro emprego, que não têm qualquer aptidão profissional ?

A RAM com a contracção da economia em 20% e o desemprego a duplicar ,mesmo com ajuda de 500 milhões da U.E a fundo perdido a receber em quatro anos será um anestesiante e pouco mais.

Vivemos do turismo, é necessário tomar todas as medidas para que os turistas regressem temos de cumprir com carinho as medidas preconizadas pelas autoridades de saúde, sinto vergonha de ver a malta na bandalheira da noite sem respeitar as normas de segurança.

Precisamos apoiar a agricultura ecológica e local (os terrenos estão abandonados) precisamos de jovens agricultores e menos doutores de gabinetes, precisamos de equipamentos de frio para acondicionar o pescado e outras medidas para apoiar as pescas:

Precisamos reindustrializar o País e mudar comportamentos sociais e estilos de vida. Precisamos de poupar água e energia urge passar das palavras à prática

Necessário e imperativo apostar na reabilitação urbana e do património edificado, privilegiar o transporte público, melhorar o ambiente

Precisamos de ser solidários e evitar o aumento das disparidades sociais

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