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Autonomia e Universidade

A Universidade é um dos baluartes da Autonomia e tem a responsabilidade de participar na sua construção

Assisti à cerimónia comemorativa do dia da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. Dos diversos discursos, proferidos pelos representantes das várias forças políticas que dela fazem parte, bem assim pelo Presidente da ALRAM, retirei a nota da afirmação consensual quanto à importância, valor, dignificação e carácter identitário da Autonomia.

Extraindo referências e valorações, não podia deixar de aqui refletir sobre um momento relevante do processo autonómico. Refiro-me à fundação e instalação da Universidade da Madeira, em setembro de 1988, e ao papel que tem desempenhado no desenvolvimento sociocultural e económico da Madeira. A fundação da UMa completou a sequência de criação de novas universidades, decorrentes da reforma, iniciada por Veiga Simão, nos anos setenta. Em diferentes tempos e ritmos, a instalação dessas universidades, fora do tradicional eixo de Lisboa/Coimbra/Porto, providenciou o desenvolvimento e crescimento das cidades onde se fixaram.

É um facto ineludível que tal desenvolvimento só foi possível graças a grandes investimentos em infraestruturas e recursos humanos. A estratégia de expansão da rede de ensino superior teve também o objetivo claro de associar à marca “Universidade” um conjunto de atividades, centros e estruturas de investigação e de prestação de serviços que muito contribuíram para o seu crescimento. E tudo isso não se fez de um momento para outro. Os exemplos bem-sucedidos das Universidades do Minho e de Aveiro, criadas em 1973, provam que foi preciso tempo para a sua evolução e maturidade.

Quando comparo essas realidades à nossa, não posso deixar de me congratular com o muito que já foi feito, mas também de me indignar por não terem sido alcançados objetivos ainda mais ambiciosos durante a nossa curta história. Refiro-me às questões de sempre: a reposição da justiça quanto ao financiamento da Universidade, a dificuldade em construir infraestruturas próprias, o acesso a fundos para a internacionalização, a transformação digital e a modernização administrativa, entre outras.

A Universidade é um dos baluartes da Autonomia e tem a responsabilidade de participar na sua construção, crescendo com ela enquanto grande projeto de afirmação do conhecimento, da inovação e do desenvolvimento. Quando, nesta matéria, se fala de grandes projetos atlânticos, resta dizer que esses projetos já existem. Chamam-se Universidade da Madeira e Universidade dos Açores. Falta fazê-las crescer ainda mais, reforçando o seu financiamento, para fortalecer, expandir e ampliar a sua intervenção, bem como aumentar a capacidade de formação, investigação, inovação e transferência do conhecimento. Apenas isso!

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