A violência policial no Brasil disparou no último ano e o Rio de Janeiro foi o estado mais afectado, com mais de 500 mortos em acções policiais, segundo um estudo realizado entre Junho de 2019 e Maio último.

O estudo foi hoje divulgado pela Rede de Observatórios da Segurança, que indicou que durante o período analisado, mais de 2.772 acções policiais foram registadas no estado do Rio de Janeiro, no qual 981 pessoas foram vítimas de abuso policial. Desse total, 502 morreram - incluindo 19 menores - e outras 479 ficaram feridas.

O estudo feito pela rede de organizações não-governamentais incluiu cinco estados brasileiros: Bahia, Ceará e Pernambuco, na empobrecida região do nordeste do país, e Rio de Janeiro e São Paulo, no populoso sudeste.

São Paulo, a unidade federativa mais rica e populosa do Brasil, com cerca de 46 milhões de habitantes, ficou em segundo lugar na lista dos estados mais afetados pela violência policial no último ano, com 313 mortes às mãos da polícia, e a Bahia, com 262 vítimas mortais em operações policiais, ficou na terceira posição.

A análise feita pela Rede de Observatórios da Segurança também incluiu temas como feminicídio, chacinas e a situação prisional dos estados em causa, e reviu mais de 12.500 registos de ocorrências relacionadas com a segurança pública e violência que foram divulgados pela imprensa, grupos de redes sociais e outras fontes.

Em todos os estados analisados pela investigação, o denominador comum foi o racismo, sendo a população negra a mais afetada.

Denominado "Racismo, motor da violência", o relatório procura entender como o racismo é visto em relação ao trabalho de segurança pública.

Enquanto a violência policial está concentrada no Rio de Janeiro, os feminicídios são o principal problema em São Paulo. Segundo os investigadores, grande parte ocorreu nas próprias habitações das vítimas e foi motivada por discussões e pelo fim de relacionamentos.

O estudo analisou 1.408 casos de violência contra mulheres nos cinco estados, onde os feminicídios e as tentativas de feminicídio representaram 68,8% desse total.

São Paulo foi o estado com o maior número de mulheres assassinadas, com 175 casos, seguido por Pernambuco (90) e Bahia (75).