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Regresso do futebol

Voltou o futebol da Primeira Liga, após cerca de 3 meses de suspensão forçada, pelas razões que todos conhecemos. Saúdo este regresso, esperando que em nada contribua para retrocedermos em tudo o que foi conquistado para a saúde de cada um de nós a um preço elevadíssimo, bem patente nas mortes e em tantos outros dramas anónimos, nomeadamente no sofrimento de milhares de famílias que ficaram sem trabalho, sem rendimento e com pouca esperança. A todos eles devemos respeito e solidariedade activa. Mas voltando ao futebol, estou convicto que não se esgotaram todos os esforços para que a transmissão televisiva dos principais jogos fosse feita em sinais abertos, desmobilizando assim os adeptos mais inconscientes, que por certo formarão ajuntamentos desaconselháveis junto aos estádios e junto aos aparelhos de televisão em espaços públicos que transmitirão esses mesmos jogos. Neste momento há apenas 20 jogos que terão algum valor comercial (os 10 do Porto e os 10 do Benfica). A transmissão dos outros, seria vendida a preço de saldo, se houvesse comprador. E a Saúde Pública ficaria muito agradecida. As TVs poderiam por exemplo acabar com aqueles massacres televisivos a que chamam «Tempo Extra», «O Dia Seguinte», «Grande Área», «Trio de Ataque», «Livre e Directo», «Prolongamento», «Mais Futebol», «Pé em Riste» etc, etc, cuja suspensão nestes meses de confinamento, não deixou saudades nem fez falta a ninguém. Pelo contrário, retirou uma parte da muita mediocridade televisiva que teima em entrar nas nossas casas e que nos obriga a mudar de canal com uma frequência inadmissível. A qualidade daqueles programas é desportivamente tão degradante, que é uma missão impossível a eleição do pior deles. Dir-me-ão que o valor da eliminação destes programas poderia não ser suficiente para cobrir o custo das transmissões dos citados 20 jogos. Mas seria um contributo de valor incalculável para a boa Saúde Pública Mental dos portugueses.

José Luís Macedo

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