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Uma centena de trabalhadores de diversão nocturna protesta em Lisboa pela reabertura

Cerca de 100 trabalhadores de diversão noturna protestam hoje em Lisboa numa manifestação silenciosa, inclusive sem cartazes, pela reabertura de espaços como bares e discotecas, encerrados desde março no âmbito da pandemia da covid-19.

A manifestação “O silêncio da noite... à procura de respeito e respostas” foi marcada através das redes sociais pelo movimento “O silêncio da noite”, que surgiu em consequência do encerramento, sem previsão de abertura, dos estabelecimentos noturnos, determinado pelo Governo devido à pandemia da covid-19.

O protesto, que junta estar tarde proprietários de bares, discotecas, agências e artistas, começou com uma concentração junto às Docas de Lisboa, com cerca de 100 trabalhadores. Os participantes iniciaram entretanto a deslocação até Santos, onde se vão juntar novamente para seguirem a pé para a Assembleia da República.

Segundo o manifesto “O silêncio da noite”, a falta de medidas de apoio vão levar à insolvência, a curto prazo, de grande parte do setor, empurrando para o desemprego milhares de colaboradores diretos e indiretos, “num total estimado de 140.000 pessoas”.

Entre as regras para a manifestação determinou-se que “ninguém deverá prestar declarações à comunicação social, irá haver um porta-voz, isento, para o efeito”, que os participantes devem seguir as coordenadas de quem está a direcionar e que “não há ‘dress code’”, pelo que devem evitar “roupa alusiva aos espaços” de trabalho.

O porta-voz só vai falar à comunicação social pelas 15:30, em frente ao parlamento, segundo a organização.

“Vamos dar, mais uma vez, o exemplo e fazer uma manifestação pacífica, articulada e coordenada. Porque somos melhores e fazemos melhor”, apelou a organização.

No manifesto “O silêncio da noite”, os empresários de espaços de diversão noturna afirmam que o setor “continua sem qualquer orientação por parte do Governo” sobre a retoma à atividade no âmbito da pandemia da covid-19, “numa altura em que praticamente todos os setores ou já reiniciaram as suas respetivas atividades económicas ou pelo menos sabem quando, como e com que apoios o poderão voltar a fazer”.

Lamentando o “largo período de incerteza, tão nefasto para proprietários e colaboradores deste setor”, o movimento critica o aumento do número de festas ilegais.

“Acreditamos agora que, como no início, em que encerrámos voluntariamente de forma sensata e pró-ativa, antes de a isso sermos obrigados, podemos ajudar. Devolvam aos profissionais do ramo a possibilidade de proporcionar um ambiente seguro aos nossos clientes, contribuindo dessa forma para o controlo efetivo da pandemia”, lê-se no manifesto.

Além de afirmar a “urgência em reabrir, em segurança” os espaços de diversão noturna, a manifestação visa “sensibilizar o poder político para as dificuldades extremas que ameaçam seriamente a subsistência de tantas empresas desta área”.

Neste âmbito, o movimento quer que o Governo “seja o mais célere possível na definição de um calendário para a retoma da atividade económica deste setor e indique quais as condições sanitárias necessárias para a reabertura dos espaços”.

Além destas medidas, os empresários pretendem que seja considerado um conjunto de apoios, seja a fundo perdido ou a título de financiamento, “para fazer face aos custos decorrentes quer do período em que estas empresas estiveram encerradas e, portanto, sem vendas, quer para a óbvia quebra de receitas decorrente das eventuais restrições de capacidade que irão ser impostas”, propondo uma reserva de verbas específica para a reabertura deste setor.

“Considere, à semelhança do que tem vindo a ser discutido no setor da restauração, uma redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) para a taxa mínima durante um período de dois anos, bem como a isenção da Taxa Social Única (TSU) por 12 meses”, indica ainda o movimento.

É referido que os espaços de diversão noturna geram “cerca de dois mil milhões de euros”, o que corresponde a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Tendo em vista a abertura do setor “com toda a segurança”, os empresários da animação noturna criaram, no início de junho, um grupo de trabalho para apresentar soluções à Direção-Geral da Saúde e ao Governo.

Estas empresas, encerradas desde março, ficaram de fora do plano de desconfinamento progressivo, tendo o primeiro-ministro justificado esta medida com a impossibilidade de afastamento físico nas discotecas.

Em declarações à Lusa, Pedro Vieira, que integra o grupo de trabalho, explicou então que, juntamente com a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares, estão a ser trabalhadas soluções e sugestões para apresentar às autoridades.

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