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Angola e Moçambique entre países sinalizados pela AI por violência pelas autoridades

Foto AMPE ROGÉRIO/LUSA
Foto AMPE ROGÉRIO/LUSA

A Amnistia Internacional (AI) indicou hoje que Angola e Moçambique são alguns dos países da África Austral sinalizados por agressões por parte das autoridades no cumprimento das medidas impostas para a contenção da pandemia de covid-19.

“Por toda a região, uma combinação de civis, polícias e soldados foi colocada nas ruas para monitorizar o movimento das pessoas e assegurar que estas cumprem as medidas de confinamento implementadas pelos governos. Ainda assim, as forças de segurança estão a usar força desproporcional ao lidar com membros do público, incluindo através de agressões e outras formas de humilhação pública”, refere um comunicado da AI hoje divulgado.

O documento refere que há registo de abusos de força pelas autoridades em Angola, Moçambique, Zâmbia e Zimbabué.

Em Moçambique, a AI cita a estação de televisão moçambicana STV, que “relatou casos de polícias acusados de aproveitarem o estado de emergência” para invadirem lojas e roubarem bens.

Sobre Angola, a organização não-governamental (ONG) fala de “vários incidentes de violência policial” desde que as forças de segurança foram colocadas nas ruas para assegurar o cumprimento das normas decretadas pelo Governo do Presidente, João Lourenço, e que tiveram início em 27 de março.

“Sete homens foram detidos enquanto se deslocavam para comprar comida num mercado em Cabinda em 04 de abril. Os homens foram libertados de forma gradual desde 05 de abril”, acrescenta a AI.

A ONG aponta ainda que, na Zâmbia, “a polícia foi vista a agredir indiscriminadamente pessoas nas ruas, incluindo em bares, depois de terem sido descobertos em público”.

Segundo a porta-voz da polícia zambiana, a força de segurança tinha adotado uma estratégia de “bater” e “prender” qualquer pessoa encontrada nas ruas.

Já no Zimbabué, a AI diz que agentes da polícia invadiram um mercado em Mutare durante a manhã de 03 de abril, “levando mais de 300 vendedores de vegetais a fugirem e a deixarem para trás os seus produtos”.

“A polícia realizou a invasão apesar de o setor agrícola estar assinalado como um serviço essencial durante os 21 dias de confinamento, o que significa que o mercado poderia continuar a servir pessoas que precisem de comprar comida”, acrescenta o comunicado.

A AI refere que a polícia queimou os vegetais e que os vendedores ainda não foram compensados pelos danos.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 141 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

O número de mortes por covid-19 em África subiu na quinta-feira para 910 num universo de 17.212 infeções registadas em 52 países.

O número de doentes recuperados é agora de 3.546.

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