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Todas as hipóteses estão em aberto, incluindo nacionalização da TAP

Foto EPA/MÁRIO CRUZ
Foto EPA/MÁRIO CRUZ

O presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, afirmou hoje que “todas as hipóteses estão em cima da mesa” para garantir a sustentabilidade da companhia aérea portuguesa, desde a nacionalização até ao auxílio estatal.

Miguel Frasquilho falava na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, no âmbito de um requerimento do Bloco de Esquerda (BE) sobre a situação da TAP e planos para o futuro.

Questionado sobre a eventual nacionalização da TAP, o gestor lembrou que nem o primeiro-ministro, nem os ministros das Finanças e da Economia excluíram essa possibilidade.

“Não podemos excluir nenhuma possibilidade, desde o caso extremo da nacionalização” até ao auxílio do Estado, referiu o ‘chairman’, que hoje anunciou que a TAP “já endereçou um pedido de ajuda ao Estado português.

“Todas as hipóteses estão em cima de mesa, desde o diferimento de pagamentos ao Estado, desde a concessão de garantias, de empréstimos convertíveis em ações, aumento da posição acionista do Estado na empresa”, prosseguiu o gestor, apontando que tudo “vai depender também da capacidade dos acionistas de poderem recapitalizar a empresa”.

“Tudo isto terá de ser equacionado”, afirmou.

“Iremos trabalhar em conjunto para encontrar a melhor solução para a TAP”, garantiu, salientando que existem duas orientações claras neste processo: “proteger ao máximo os postos de trabalho neste enquadramento extraordinariamente difícil e garantir a sobrevivência e sustentabilidade da TAP, que é estratégica para a nossa economia”.

“Neste momento, estamos uma fase em que aguardamos ‘feedback’ por parte do Governo e a seu tempo teremos a solução”, afirmou, sublinhando que “não há grande possibilidade de serem concedidos empréstimos sem que o Estado esteja presente”, reiterando que tal “virá acompanhado de condicionalismos que poderão assumir diversas formas”.

“A TAP tem e sempre terá papel estratégico fundamental para o país”, sublinhou.

A TAP é detida em 50% pelo Estado, através da Parpública, em 45% pelo consórcio privado Atlantic Gateway e em 5% pelos trabalhadores.

Miguel Frasquilho disse ainda concordar que o atual modelo societário da empresa “defende os interesses do país”, reiterando que o financiamento da companhia aérea sem o envolvimento do Estado ou é difícil ou enfrenta “condições proibitivas”.

“Só o dinheiro público pode acudir”, disse, destacando a vantagem de a empresa contar com o Estado como acionista.

Salientou que a aviação, tal como o setor do turismo, são dos mais afetados com o impacto da pandemia da covid-19.

“Com as restrições que têm vindo a ser impostas, a maior parte das companhias aéreas tem a sua operação praticamente parada”, constatou.

“No caso da TAP, temos vindo a fazer vários voos de repatriamento de portugueses que estão no estrangeiro, temos estes sete voos por semana, assegurando a continuidade territorial para os Açores e para a Madeira, e alguns contratos têm sido estabelecidos para trazer, nomeadamente, material médico de outras paragens que tão necessário é para o nosso país”, prosseguiu o ‘chairman’.

A TAP “tem estado ao serviço, nomeadamente, do Governo português, em parceria com outros grupos”, disse.

“Com a eclosão desta pandemia se há transporte aéreo que não parou é o transporte da carga. A TAP não tem essa operação, mas é evidente que estamos a equacionar poder ter uma atividade maior nesse capítulo, utilizando para tal aeronaves que são para passageiros, porque se, de facto, existirem possibilidades de rentabilizar a operação, nós iremos por aí”, afirmou.

“Essa possibilidade está em aberto”, salientou Miguel Frasquilho.

Em resposta a questões dos deputados, o gestor afirmou que não é possível prever o desempenho financeiro da TAP este ano, dado ao atual contexto de incerteza.

Frasquilho adiantou que os dois primeiros meses do ano correram “bastante bem”, com a receita “em linha ou acima do orçamentado”, mas não há uma data para a retoma, pelo que é difícil fazer previsões neste momento.

Em resposta ao PCP, Miguel Frasquilho admitiu que a TAP está a atrasar os pagamentos aos fornecedores e que os ‘leasings’ dos aviões “estão nessa categoria”.

“É uma forma de tentarmos ganhar tempo em termos de tesouraria, em termos de liquidez”, argumentou o ‘chairman’.

Sobre a Portugália, e em resposta ao PCP, garantiu tratar-se de “uma das empresas essenciais do grupo” e que “não está em cima da mesa qualquer interrupção da atividade, muito menos o seu fim”.

Com a operação reduzida a “quase zero”, as aeronaves que a TAP tem agora utilizado são as da Portugália, os Embraer.

“Optámos por aeronaves mais pequenas e é natural que quando a operação seja retomada se comece com aviões mais pequenos”, disse.

Já sobre contratação externa, Miguel Frasquilho sublinhou que, tanto quanto sabe, a TAP não aumentou o recurso a contratos com entidades externas neste período.

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