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O teletrabalho e a telescola...

Os pais não querem que os filhos vão para a escola ter aulas presenciais, mas depois colocam entraves por tudo e por nada às aulas por videoconferência.– Ah e tal, tenho dois filhos matriculados na escola, estou em teletrabalho e só tenho um computador em casa...Eh, pá, organizem-se... Parecem choninhas... Falem com o vosso patrão e digam que precisam de ajustar o vosso horário de trabalho de acordo com o horário das aulas dos vossos filhos. De certeza que este pedido terá enquadramento legal. Além do mais, a quem é que querem convencer que passam oito horas por dia a trabalhar em casa? Não o faziam em regime de trabalho presencial e agora querem convencer de que o fazem em regime de teletrabalho... Tomem juízo, porque os vossos filhos estão a ver...– Ah e tal, eu tenho quatro filhos. É impossível conseguir conciliar...Acho piada que a média nacional seja de pouco mais de um filho por mãe e as mães com três ou quatro filhos venham se insurgir contra a telescola, como se representassem a generalidade das famílias portuguesas. Não é que não possam ter o mesmo direito do que as outras, mas tendo em conta que não chegam a 5% do total das famílias, as famílias numerosas não podem servir como amostra do universo das famílias portuguesas. Além do mais, se estas mães e estes pais quiseram ter três ou quatro filhos, têm é de aceitar as dificuldades que isso acarreta. Eu também quero ter três ou quatro filhos e, no dia que os tiver, não vou reclamar de algo pelo qual eu sou o responsável, de certeza. Quanto aos professores, é quase a mesma lengalenga. Os professores estão cansados de aturar os alunos presencialmente, mas, se for para darem aulas a partir de casa, dizem que não têm condições e/ou que as aulas por videoconferência não funcionam. Pois bem, eu, por exemplo, peguei no tampo lacado de branco que tinha debaixo da mesa da sala e improvisei um quadro branco. Sempre que tenho de dar aulas, coloco o tampo da mesa em cima da cadeira do meu filhote e faço exatamente o mesmo que fazia nas aulas presenciais, com uma única diferença: escrevo com as canetas para quadro branco, mas apago com papel higiénico. Do outro lado, tenho alunos em silêncio, que só ligam o microfone para fazerem perguntas ou responderem a alguma questão que eu tenha levantado. Eles até podem não estar a perceber nada do que eu digo, mas, se fosse presencial, também não estariam, e ao menos assim não há o distúrbio nem o burburinho que costumava haver nas aulas presenciais. É certo que eu estou a falar de alunos que já são “adultos”, mas eu também não sou professor. Tenho a certeza de que as “pedagógicas” que vocês, professores, tiveram no vosso curso de ensino vos deram as ferramentas de que precisam neste momento... Resumindo e concluindo: os pais não querem que os filhos vão para a escola ter aulas presenciais, mas depois colocam entraves por tudo e por nada às aulas por videoconferência. Os professores estão cansados de aturar os alunos presencialmente, mas, se for para darem aulas a partir de casa, dizem que não têm condições e/ou que as aulas por videoconferência não funcionam. Mas afinal, o que é que esta gente quer?

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