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Economistas da Católica prevêem queda do PIB entre 4% e 20% em 2020

EPA/RODRIGO ANTUNES
EPA/RODRIGO ANTUNES

A economia portuguesa deverá entrar em recessão este ano devido ao impacto da covid-19, segundo economistas da Católica, que estimam uma contração do PIB entre 4% e 20% em 2020, apontando para um cenário central de queda de 10%.

O Católica Lisbon Forecasting Lab/NECEP divulgou hoje a sua nova estimativa de crescimento económico para Portugal em 2020 ao longo de três cenários: um cenário central em que a fase crítica da epidemia dura cerca de três meses, um cenário pessimista em que o controlo da epidemia dura seis meses e um cenário otimista em que essa fase crítica não se prolonga muito para além de abril.

No cenário mais pessimista, os economistas estimam uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 20% e uma taxa de desemprego de 13,5% para Portugal, enquanto na zona euro a economia deverá cair 10%.

Para o cenário central é estimada uma contração do PIB da ordem dos 10% e uma taxa de desemprego de 10,4%, enquanto a economia da zona euro deverá contrair 5%.

Os economistas da Católica estimam que, no cenário mais otimista, o PIB irá cair 4% em 2020 e que a taxa de desemprego será de 8,5% em Portugal, contra uma retração económica de 1,1% na zona euro.

O cenário mais otimista tem em consideração “medidas adicionais e mais incisivas para além daquelas já anunciadas pelo Governo”.

“Qualquer um dos cenários corresponderá a um agravamento significativo do desemprego e em termos de perda do rendimento das famílias”, sublinha o núcleo de economistas da Católica.

“Os únicos setores da economia com alguma proteção de emprego e rendimento são as administrações públicas, as franjas da sociedade delas dependentes e os setores considerados estratégicos no abastecimento de bens e serviços essenciais e a sua logística”, afirmam os economistas.

No entanto, sublinham, “mesmo esses setores estão sujeitos a um risco de contração de atividade já que parte da procura produzida pode vir a não ser vendida nem paga por dificuldades de tesouraria por parte dos seus clientes diretos”.

O Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa prevê ainda que as autoridades estatísticas “terão dificuldades em calcular o crescimento económico do primeiro e segundo trimestres do ano”.

“Como esta crise se abateu sobre Portugal apenas em meados de março, os dados do 1.º trimestre podem vir a transmitir, ainda, uma ideia de normalidade ou de uma quebra relativamente pequena face aos desenvolvimentos dramáticos dos últimos dias”, antecipam os economistas.

A pandemia da covid-19 “criou uma disrupção generalizada na economia mundial” e subsiste uma “elevada incerteza sobre a dimensão e a duração da contração”, sublinha o núcleo de estudos, afirmando que se está perante “uma crise de características ímpares, marcada por um duplo choque do lado da oferta e do lado da procura”.

“Neste contexto, as decisões governamentais e dos bancos centrais influenciarão significativamente a atividade económica no curto prazo”, defendem os economistas.

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