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Oposição alerta para consequências e pede isolamento geral na Venezuela

Foto EPA
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O líder opositor venezuelano Juan Guaidó instou hoje os venezuelanos a extremarem as medidas de prevenção e isolarem-se contra o coronavírus, alertando que a Venezuela pode sofrer “graves consequências” devido à precariedade dos serviços públicos e de saúde.

“A verdade é que o risco que nós [os venezuelanos] enfrentamos é muito maior [do que em outros países]. Na Venezuela poderá haver um aumento excessivo das cifras de contágio devido à fragilidade dos serviços”, disse.

Numa mensagem em vídeo divulgada ao país pelas redes sociais, Juan Guaidó explicou que a pandemia de coronavírus chega ao país “num ponto de paralisação dos serviços públicos, de colapso económico e alimentar”, recordando que a Venezuela tem uma “emergência humanitária complexa, além da situação de precariedade dos hospitais”.

“Chamo a um isolamento geral. Saiam [de casa] quando for estritamente necessário. Um dia que passemos em casa é um dia que ganhamos na pandemia e que faz que o vírus não se propague com maior rapidez”, explicou.

Juan Guaidó explicou que a oposição criou uma equipa de peritos em saúde que está em contacto com a comunidade internacional, “trabalhando em medidas para ajudar a Venezuela a prevenir e tratar esta pandemia”.

Segundo a oposição, apesar da suspensão de concentrações públicas e do isolamento preventivo, continua a luta pela mudança de regime na Venezuela.

Por outro lado, o médico infecciologista Júlio Castro, porta-voz da comissão sobre o Covid-19 criada pela oposição, explicou aos jornalistas que a informação disponível até agora “é demasiado preliminar para fazer uma comparação com uma curva de crescimento em outros países” em particular da América Latina.

“Estamos a trabalhar com uma equipa especial para percorrer vários cenários. Do ponto de vista técnico, avaliamos modelos matemáticos complexos para poder estimar o impacto do vírus no nosso país”, frisou.

No domingo, o Presidente da Venezuela disse que foram detetados sete novos casos de Covid-19 no país, elevando assim para 17 o número de infetados, ao mesmo tempo que anunciou uma “quarentena coletiva” na Venezuela.

Nicolás Maduro explicou que a cidade de Caracas e seis dos 24 estados do país - La Guaira, Miranda, Zúlia, Táchira, Apure e Cojedes - passariam a estar em “quarentena coletiva e social”, a partir das 05:00 de segunda-feira (09:00 de hoje em Lisboa), como medida preventiva contra a pandemia de Covid-19.

Sobre a quarentena, Maduro explicou que implica “ficar em casa, estando suspensas aulas e todas as atividades laborais, exceto a de redes de distribuição de alimentos, serviços sanitários e de saúde”.

Incluem-se nestas exceções “os serviços de segurança policial e militar, e o transporte (público) com a obrigatoriedade de uso de máscaras nas suas distintas modalidades”.

Maduro precisou que, nos próximos dias, de maneira progressiva, a quarenta será estendida a toda a Venezuela e pediu o apoio da população, dos líderes civis, populares e militares nesse sentido.

A Venezuela está, desde sexta-feira, em “estado de alerta”, que permite ao executivo “ditar decisões drásticas” para combater a pandemia.

Constitucionalmente, os estados de alerta têm uma duração de 30 dias, prorrogáveis por igual período de tempo.

Foram suspensos os voos provenientes da Europa, Colômbia, Panamá e a República Dominicana, estando também restringidas as entradas de pessoas provenientes do Irão, do Japão e da Coreia do Sul.

As escolas venezuelanas estão encerradas e também todos os clubes culturais e recreativos de portugueses em Caracas, sendo obrigatório usar máscaras de proteção no metropolitano e no sistema ferroviário.

As autoridades estão a apelar às pessoas para não saírem de casa, principalmente os que tenham mais de 65 anos de idade.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 6.500 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ronda as 170 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 148 países e territórios.

Em Portugal há registo de 331 casos confirmados e um morto.

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