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Pelo menos 170 homicídios em nove dias de greve policial no estado brasileiro do Ceará

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O número de homicídios no estado brasileiro do Ceará subiu para 170, após motins e greves policiais que começaram na semana passada, atingindo hoje o nono dia de paralisação com três unidades militares ainda fechadas.

A secretaria estadual da Segurança Pública do Ceará indicou na terça-feira à imprensa local que houve um aumento da violência na região após o início da greve policial, com o número de assassinatos a ascender a 170.

Os protestos no estado nordestino do Ceará começaram na tarde do dia 18, quando pessoas encapuzadas e mascaradas - alegadamente agentes policiais reivindicando aumentos salariais e melhores condições de trabalho - entraram em quartéis em diferentes cidades do estado e perfuraram os pneus de carros de patrulha.

No dia seguinte, a meio da crise de ordem pública, o senador Cid Gomes, irmão do ex-candidato presidencial Ciro Gomes, foi baleado no peito quando tentava entrar num quartel da polícia com uma retroescavadora na cidade de Sobral. O político teve alta hospitalar no domingo.

A proposta do governo estadual é aumentar o salário dos polícias militares dos atuais 3.200 reais (672 euros) para 4.500 reais (945 euros), em aumentos progressivos até 2022. O grupo de agentes que está em protesto reivindica que o aumento para 4.500 reais seja implementado já este ano.

Os motins dos agentes de segurança levaram à detenção de 47 polícias militares por deserção, participação em motim e incêndio de um carro particular, segundo a imprensa local.

Até terça-feira, 230 polícias tinham ainda sido afastados das funções por envolvimento no motim, com a instauração de processos disciplinares.

Polícias militares, que no Brasil têm estatuto militar, estão constitucionalmente proibidos de fazer greve, numa decisão que foi ratificada em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal, a mais alta instância judicial do país.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, autorizou, na última quinta-feira, a presença das Forças Armadas na região até à próxima sexta-feira, com o objetivo de conter a onda de violência naquele estado.

Desde então, soldados do Exército, membros da Força Nacional e agentes de outras instituições locais zelam pela segurança dos cidadãos do Ceará, com uma população de cerca de nove milhões de habitantes.

Mesmo após uma escalada da violência, o ministro da Justiça e Segurança Pública brasileiro, Sergio Moro, declarou na segunda-feira que a situação do Ceará está “sob controlo”.

“É uma situação que nós entendemos ser temporária e que deve ser resolvida brevemente. Existe um indicativo de aumento de alguns crimes mais violentos, mas não há uma situação de absoluta desordem nas ruas. (...) Não existem, por exemplo, assaltos a estabelecimentos comerciais. A situação está sob controlo, claro que dentro de um contexto relativamente difícil, em que parte da polícia estadual está paralisada”, disse Sergio Moro.

Os 170 homicídios registados no decurso do motim da Polícia Militar este ano já representam um aumento de 37% face aos casos ocorridos durante a última paralisação dos agentes no Ceará, em 2012. O movimento daquele ano durou sete dias e ocorreram 124 assassinatos no período, de acordo com os media brasileiros.

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