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Marcelo Rebelo de Sousa e presidente de Israel acertam troca de visitas de estado

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O Presidente da República acertou hoje uma troca de visitas de estado com o seu homólogo israelita, Reuven Rivlin, e manifestou a vontade de regressar a Israel para a inauguração da futura praça Aristides de Sousa Mendes.

Em declarações aos jornalistas, num hotel de Jerusalém, depois de ter sido recebido por Reuven Rivlin na residência oficial do residente do estado de Israel, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que este encontro “correu muito bem” e que se verificou “uma aproximação” de posições entre os dois sobre a situação regional.

O chefe de estado, que chegou hoje a Jerusalém para participar no 5.º Fórum Mundial do Holocausto, na quinta-feira, assinalou que “não havia a vinda de um presidente português a Israel desde o presidente Mário Soares, há 25 anos”.

Marcelo Rebelo de Sousa disse que convidou o seu homólogo israelita “a visitar Portugal, se possível até ao fim do ano”, adiantando que, a concretizar-se essa visita, que depende do “calendário apertado” de Reuven Rivlin, ficou acertado que fará depois uma visita recíproca a Israel.

Questionado se voltará a Israel para inaugurar a futura praça com o nome de Aristides de Sousa Mendes em Jerusalém, o Presidente da República respondeu que o seu plano era ter agora “ter agora participado na inauguração da praça” ou, pelo menos, “na primeira pedra que fosse colocada”, lamentando: “Mas infelizmente ainda não há praça”.

“É evidente que, vindo a resolver-se esse problema em tempo ou de calhar coincidentemente com a minha visita a Israel ou de justificar uma presença noutra circunstância, eu terei muito prazer e muita honra”, acrescentou.

“Se for, quando for, melhor, se coincidir com esta troca de visitas de estado, melhor ainda”, reforçou Marcelo Rebelo de Sousa, que termina este seu mandato em Março de 2021.

Enquanto cônsul-geral em Bordéus, França, Aristides de Sousa Mendes salvou milhares de judeus e outros refugiados do regime nazi, em 1940, emitindo vistos à revelia do governo de António de Oliveira Salazar, o que lhe valeu a expulsão da carreira diplomática, e acabaria por morrer na miséria.

O presidente da República, que em 2017 condecorou postumamente Aristides de Sousa Mendes com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, explicou que “no relacionamento entre órgãos autárquicos, câmara municipal e assembleia municipal [de Jerusalém], não foi possível desbloquear a tempo” o lançamento da construção da praça com o nome do antigo cônsul.

Quanto às relações entre Portugal e Israel, de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa “é evidente que há um campo vasto de colaboração, que houve sectorialmente a nível de ministros no passado, mas que não tem expressão em termos presidenciais ou de chefia de governo - e não há razão para não ter no futuro, faz todo o sentido”.

O chefe de estado defendeu que “muito pode ser feito” no plano bilateral em domínios como fontes de energia renováveis, digital, ciência, tecnologia, educação, agricultura e água.

Por outro lado, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “da conversa resultou que o presidente Rivlin tem uma posição sobre a situação regional que corresponde muito ao ponto de vista português e que corresponde muito ao ponto de vista do secretário-geral das Nações Unidas”.

“E, nesse sentido, o entendimento a nível de chefes de estado foi muito fácil, porque falámos da mesma realidade com a mesma linguagem e com uma aproximação muito semelhante”, descreveu.

Instado a desenvolver esta “aproximação” de pontos de vista, o chefe de estado atribuiu a Reuven Rivlin “uma preocupação de diálogo, preocupação de respeito de uma realidade que é de igualdade de direitos de todos quantos vivem dentro do estado de Israel, mas também de aceitação da necessidade de diálogo permanente com realidades vizinhas”.

“Nesse sentido, isso corresponde muito à posição portuguesa. A posição portuguesa é a de entender - e é uma posição que tem sido de sucessivos governos e de sucessivos chefes de estado, portanto, é consensual na política externa portuguesa - que é haver comunidades a que devem corresponde realidades estatais diferentes, coexistindo, cooperando, na base de uma boa vizinhança”, referiu.