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ONG venezuelana diz que autoridades destruíram medicamentos de lusodescendente preso

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Uma organização não-governamental venezuelana denunciou hoje que funcionários da Direção de Contrainteligência Militar (serviços secretos militares) destruíram medicamentos oncológicos de um politólogo lusodescendente preso no país.

“Destaco particularmente o caso de Vasco da Costa (...) Os funcionários tiraram-lhe os poucos medicamentos a que teve acesso, para tratar das doenças que padece, assim como de um cancro no olho, que é muito grave e que requer atenção”, disse o vice-presidente do Foro Penal Venezuelano (FPV), Gonzalo Himiob.

Durante uma conferência de imprensa em Caracas, Gonzalo Himiob explicou que “não só lhe tiraram os medicamentos”, mas “lançaram-nos ao chão e destruíram-nos, fazendo com que já não pudessem ser utilizados”.

Segundo a ONG, funcionários da DGCIM efectuaram uma “rusga violenta” no prisão militar de Ramo Verde, onde se encontra Vasco da Costa, e que espancaram vários presos.

Ainda de acordo com o Foro Penal venezuelano, o regime nega pôr em liberdade 12 presos políticos opositores, apesar de o tribunal ter ordenado que fossem libertados.

Por seu lado, Ana Maria da Costa, irmã de Vasco da Costa, disse à agência Lusa que mais de uma centena de funcionários da DGCIM chegaram na noite de sábado à cadeia, “entraram no anexo B, torturaram um sargento, um preso civil, um tenente e um capitão”.

“Eu não penso ficar calada, vou denunciar no Ministério Público, porque ao meu irmão roubaram-lhe todo o dinheiro, os produtos de higiene (...) Como Vasco não quis ajoelhar-se, porque não se submeterá a ninguém, destruíram-lhe os medicamentos”, disse.

Ana Maria disse à Lusa ser difícil conseguir fazer chegar os medicamentos e outros produtos às cadeias. Também que iniciará uma campanha para sensibilizar os familiares dos presos políticos sobre a gravidade dos acontecimentos.

“Esses homens (presos políticos) apenas nos têm a nós, não podemos abandoná-los. Todos temos medo, mas não podemos deixar que esta situação continue, que alguém vá e obrigue os presos a ajoelhar-se perante eles. Somos pessoas e temos que manter a nossa dignidade”, disse.

Segundo Ana Maria da Costa, o irmão precisa de cuidados médicos após ter-lhe sido extraído, recentemente, um tumor cancerígeno do olho esquerdo, que, diz, é uma “consequência de todas as torturas e tratos cruéis” a que foi submetido na cadeia.

Vasco da Costa, de 60 anos, foi detido na sua casa em Abril de 2018 por agentes do SEBIN (serviços secretos da Venezuela).

Filho de um antigo cônsul de Portugal em Caracas, Vasco da Costa já tinha estado detido entre Julho de 2014 e Outubro de 2017.

Vasco da Costa define-se como “contrarrevolucionário, conservador e anticomunista”, faz parte do Movimento Nacionalista Venezuelano e do partido Nova Ordem Social, liderado pela lusodescendente Venezuela Portuguesa da Silva, actualmente radicada em Espanha.