Há que cumprir os mínimos
Em democracia é normal que os partidos organizem iniciativas políticas temáticas e as aproveitem para nelas produzirem intervenções e reflexões sobre outros temas, sejam de âmbito nacional, regional ou local. Mas há mínimos. E o mínimo é que o tema central não deixe de ser, perdoem-me a redundância, minimamente abordado.
Recentemente o Partido Socialista realizou aquilo que denominou por “Convenção – Madeira é Europa” e que contou com a breve participação de António Costa.
Falou-se de Europa? Falou-se dos objetivos e dos desígnios da Madeira no Parlamento Europeu? Falou-se da necessidade de aprofundar o estatuto jurídico da Ultraperiferia?
Não, não e não. Foi, como já vem sendo habitual, um vazio.
Pretendeu-se colocar a Madeira no centro da Europa e não se falou por exemplo na redução das taxas de co-financiamento. Não se falou da mobilidade. Não se falou dos Fundos Europeus Estruturais e de Desenvolvimento. O tema era a Europa, mas não se falou da Europa. Os mínimos não foram cumpridos.
O vazio dos discursos, das ideias e da estratégia não deixam, contudo, de ter uma explicação e uma interpretação política. Aliás, bastante simples. A visão de António Costa e do Partido Socialista para a Madeira na Europa, é a mesma que na República: uma Região subserviente, agachada aos ditames do centralismo, sem qualquer Autonomia. Melhor dizendo, não há visão nenhuma, nem nenhuma política deste partido para a Madeira na Europa, como também não há para o Governo Regional.
Quem ambiciona tomar conta dos destinos de uma Região como a nossa, tem de ter uma posição sobre o seu futuro na Europa, tem de ter medidas concretas e um programa para a Madeira.
Sim, aqui também há mínimos a cumprir.