Mundo

Bispo católico apela ao ocidente que veja o que acontece no Burkina Faso

None

O bispo católico de Ouahigouya, no Burkina Faso, exortou a comunidade internacional a que veja “o que está a acontecer” naquele país, com frequentes ataques a comunidades cristãs.

“As potências ocidentais devem parar aqueles que estão a cometer esses crimes, não vendendo mais as armas que eles estão a usar para matar os cristãos”, apelou Justin Kientega, numa mensagem hoje divulgada pela estrutura portuguesa da Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre).

Segundo este bispo, os cristãos enfrentam uma “perseguição contínua”, lamentando a alegada ausência de medidas e de solidariedade da comunidade internacional.

“Ninguém nos escuta”, disse o prelado, acrescentando: “Nós, cristãos, somos perseguidos, enquanto o Ocidente permanece indiferente vendendo armas para os terroristas em vez de os deter”.

O bispo de Ouahigouya fez este alerta após no rescaldo do ataque a uma igreja protestante no Burkina Faso, ocorrido no dia 01 de dezembro, e que provocou a morte a 14 pessoas.

Este ataque tem sido atribuído a ‘jihadistas’ islâmicos, embora Justin Kientega reconheça que “ninguém assumiu a sua responsabilidade”.

“Não sabemos se é um grupo ou se estão vários grupos envolvidos. O que é certo, no entanto, é que eles estão a realizar uma campanha islâmica e a tentar provocar um conflito entre as religiões num país onde cristãos e muçulmanos sempre viveram pacificamente lado a lado”, afirmou, citado pela Fundação AIS.

Segundo a esta fundação católica, calcula-se que, desde o início do ano, mais de 60 cristãos terão sido assassinados no Burkina Faso.

Justin Kientega sublinhou que se vive um “nível sem precedentes de insegurança”, que está já a limitar a própria atuação dos membros da Igreja no seu trabalho.

Já em agosto, o presidente da Conferência Episcopal do Burkina Faso e do Níger, o bispo de Dori, Laurent Birfuoré Dabiré, denunciara os massacres de cristãos por parte de grupos jihadistas que “estão mais bem armados e equipados” do que os elementos do exército nacional.

“Se o mundo continuar a não fazer nada, o resultado será a eliminação da presença cristã” no país, alertou o bispo na ocasião.

Os ataques, atribuídos a grupos ‘jihadistas’, contra igrejas cristãs ou outras aumentaram recentemente no Burkina Faso, um país pobre do Sahel, na África Ocidental.

Em 26 de maio, quatro fiéis foram mortos num ataque a uma igreja católica em Toulfé, uma cidade do norte do país.

No dia 13 de maio, quatro católicos foram mortos numa procissão em honra à Virgem Maria, em Zimtenga, também no Norte.

No dia anterior, seis pessoas, incluindo um sacerdote, foram mortas num ataque durante a missa numa igreja católica em Dablo, um município da província de Sanmatenga.

Em 29 de abril, seis pessoas foram mortas num ataque à igreja protestante de Silgadji.

Em meados de março, o padre Joël Yougbaré, sacerdote de Djibo (norte), foi sequestrado por homens armados.

No dia 15 de fevereiro, o padre César Fernández, missionário salesiano de origem espanhola, foi assassinado no centro do Burkina Faso.

Vários imãs também foram assassinados por ‘jihadistas’ no norte do Burkina Faso desde que os ataques começaram, há quatro anos.