Turismo

A resiliência dos agentes viagens expressa em sete vidas

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A sexta sessão do 45. Congresso da APAVT, que decorre no Funchal, colocou à conversa gentes e agentes de sucesso, tais como Sónia Regateiro, administradora da Soliférias, Armando Ferraz, administrador da OÁSIS, Carlos Baptista, administrador da Newtour, Joaquim Ferreira, administrador da OSIRIS e ainda Rui Pinto Lopes, administrador da Pinto Lopes Viagens, num debate moderado pelo presidente da Associação Portuguesa de Agentes de Viagens e Turismo, Pedro Costa Ferreira.

"Exemplos de pessoas e empresas que venceram o desafio do tempo", como referiu o moderador, e de que são exemplos Fernando Lourenço, com 84 anos, que veio acompanhado pelo filho Luís Lourenço e pelo neto Tiago Encarnação, numa empresa que existe há 60 anos e é 100% portuguesa, a Lusanova, projecto que tem um ADN próprio e continuar a ser sustentável por mais 60 anos.

Albano Cymbron, empresário açoriano, que há muitas décadas começou a criar trilhos de passeio a pé no Faial, São Miguel, Terceira, Flores, etc, inspirado inicialmente nas levadas da Madeira, estávamos nos anos 80. Hoje, lembrou, há passeios feitos por trilhos onde se proíbe falar e usar telemóvel. A filha Catarina é hoje quem dirige a empresa Viagens Melo e ele dedica-se a escrever livros "que ninguém lê", brincou.

Joaquim Ferreira começou a pegar numa prancha de bodyborad para lembrar que está é uma actividade de pessoas para pessoas, feita com paixão e não há volta a dar. As ferramentas de hoje, espécies de Bimbys das agências de viagens os portais de reservas online são fundamentais, cada vez mais. Ouvir quem sabe mais do que a si próprio é o conselho que deixou, além de sentido de responsabilidade. Ir à procura de alternativas, fora do seu core business, para continuar a ganhar dinheiro e pagar salários, foi a forma de se adaptar às mudanças, basicamente foi flexível.

Rui Pinto Lopes que apostou na especialização. O primeiro autocarro da empresa de transportes turísticos começou em 1868, tem autocarros por toda a Europa, transportando passageiros em programas culturais dos aeroportos para os hotéis e os locais de passeio, operando em 150 países, mas não tem nenhuma viatura a sair de Portugal. O nicho de mercado são os circuitos turísticos de Itália ao Afeganistão, da Índia à Coreia do Norte, do Bangladesh ao Paquistão ou mesmo Angola, numa diversificação só possível pela qualidade do serviço, focado no cliente, em produtos novos e inovação consciente. Não é um produto de massas, são grupos fechados e que garantem mais-valia neste negócio.

Armando Ferraz lançou a sua agência há 33 anos, projecto que lidera com a esposa e a filha, ambas em viagem pela Oásis. Elas são duas dos 37 colaboradores, sendo que cerca de 40% dos colaboradores têm menos de 3 anos de casa, por isso salientou que sempre deu muita importância à qualidade e excelência, usando a palavra mágica, expectativa, que lança aos colaboradores sobre onde gostariam de estar em três anos. Não é possível, garante, ter clientes satisfeitos com colaboradores pouco motivados. Defende que os veteranos têm muito a ensinar os jovens a gostarem da profissão, por isso ainda muito devem à indústria.

Carlos Baptista é da nova geração, que não tem tantas histórias para contar, mas que destacou que a tecnologia poderá permitir quebrar mitos, com exemplos na sala e que falaram de conceitos que podem ser aplicados por qualquer negócio. No caso do grupo Newtour, que já tem mais de 30 anos de mercado, embora o próprio esteja há muito menos tempo. Denominada Newtour Technology, juntou outras agências num grupo que opera da Madeira aos Açores, de Cabo Verde ao Continente, prestando serviços especializados e conteúdos, software e sistemas, colocando a tecnologia ao serviço do turismo, operando directamente com agências e operadores turísticos, e que se prepara para concorrer num mercado, futuramente, onde a Google ou a Amazon, querem entrar. " A tecnologia mais tarde ou mais cedo vai chegar às agências de viagens, têm é de perceber que papel vão ter nesta cadeia de distribuição", alertou. E a formação é crucial para estar no passo certo.

Sónia Regateiro entrou para trabalhar em turismo e nunca noutra área, embora seja a mais recente no ramo. Era para ter ido para comunicação social ou relações internacionais, mas o pai aconselhou-a a seguir turismo que é o melhor que o país tem, reconhece que recebeu uma bênção por estar apaixonada pela vida, lidando com emoções todos os dias com os clientes, exige muita dedicação, muito sacrifício pessoal e familiar. O agente de viagens não dorme, descansa, por isso acredita que terá sempre alguém a precisar de um agente de viagens e não há máquina que substitua a paixão humana de servir os outros.

A parte da tarde vai ser dedicada à APAVT a explicar aos agentes de viagens as opções estratégicas, numa sessão à porta fechada, acessível apenas para associados.

A sessão de encerramento está agendada para as 18 horas, com a presença do secretário regional do Turismo, Eduardo Jesus.