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Bispos católicos apelam às forças de segurança para que protejam o povo

Foto Arquivo REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
Foto Arquivo REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) apelou terça-feira às forças de segurança para que protejam a população durante as marchas a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro, vincando, no entanto, que os venezuelanos reclamam uma mudança política.

“Apelamos, como cidadãos, às Forças Amadas e aos vários órgãos de segurança do Estado a que protejam a população, a acompanhá-la e respeitá-la com um sentido cívico perante as demandas pelos seus direitos e de novas realidades no contexto político”, lê-se num comunicado divulgado pela CEV, em Caracas.

O documento explica que “proteger os cidadãos, ou seja, o povo a que pertencem as suas próprias famílias e que sofrem os mesmos problemas”.

“A defesa da liberdade tem custado muito sangue e muito sofrimento (...) Nesse sentido, devem atender ao clamor dos seus irmãos venezuelanos para que tudo decorra em paz”, sublinha a mesma nota.

No documento, os bispos advertem que “existem grupos anárquicos que geram violência”.

“São estes grupos os que os órgãos de segurança do Estado devem travar, ao defender a população civil que marchará de forma pacífica. Obedeçam à vossa consciência como venezuelanos. O valor da vida e a liberdade são indiscutíveis, não se negoceiam e Deus não quer que o povo sofra injustiças por submissão”, explicam.

Por outro lado, os bispos fazem um alerta aos grupos violentos, “seja qual for a origem e orientação”, para que “se unam à sã convivência e à concórdia que tanto pedem os venezuelanos, deixando para trás todo o tipo de violência”.

O comunicado recorda que a data de 23 de janeiro de 1958 é histórica para todos os venezuelanos (queda da ditadura de Marcos Pérez Jiménez), um “sinal inspirador do triunfo da racionalidade social perante o abuso de poder, da unidade do povo que se encontrava débil perante a desarticulação de um regime de atropelos, de corrupção e de repressão que encobria, dentro de si, todos os males que um governo autoritário pode ter”.

“Desde essa data o país marchou pela via do desenvolvimento, com uma democracia que conseguiu fazer germinar valores em várias gerações”, sublinha a mesma posição.

Para a CEV, hoje os venezuelanos “encontram-se novamente com outro 23 de janeiro, aos 61 anos daquele acontecimento que foi significativo na luta pela civilidade perante a barbárie”.

O comunicado refere que os bispos “estão conscientes do sofrimento a que o povo tem sido submetido pela ação governamental”, acrescentando que os venezuelanos vivem “uma situação dramática e de extrema gravidade pelo deterioração do respeito pelos seus direitos e da qualidade de vida”, vivendo “numa crescente pobreza” e “sem ter quem acudir”.