Turismo

“Um tiro no pé”

É já amanhã que a Câmara Municipal do Porto Santo deverá votar a proposta do presidente da autarquia para a criação de uma taxa municipal de dormida, com incidência sobre os hotéis que praticam o ‘all inclusive’ (tudo incluído). Ora, sobre esta temática, a secretária regional da Cultura, Turismo e Transportes diz que, a ser aprovada a medida, será “um tiro no pé” para o crescimento turístico da ilha.

Conceição Estudante explica ao DIÁRIO que a ideia não se enquadra com o tipo de turismo que o Porto Santo precisa, ou seja precisa de aumentar as dormidas, consolidar esse crescimento, aumentar a oferta (da restauração) fora dos hotéis e, mesmo assim, entende que a ilha não se pode dar ao luxo de aplicar uma taxa para o tudo incluído.

“Devo dizer que desconheço os conteúdos [da proposta de Filipe Menezes de Oliveira], mas devo dizer já, muito frontalmente, que sou contra qualquer taxa que se pretenda aplicar no Porto Santo, num momento em que o Porto Santo está, exactamente, numa fase de arranque de um momento novo de crescimento”, atirou a governante.

Conceição Estudante, que tutela duas áreas cruciais para a ilha, o turismo e os transportes, respondia na segunda-feira à margem de uma inauguração, acrescentou perante a questão se seria melhor noutra altura. “Eu sou contra, nem agora nem no futuro”, atirou. “Acho que um destino que está em fase de crescimento e de lançamento, como é o caso do Porto Santo, que pretende ver mais investimento no seu território, está a dar um tiro nos pés”.

Mais, disse, duvida da “legalidade da taxa como ela estará configurada”, reforçando desconhecer nessa altura os conteúdos. “Mesmo que seja legal, sou contra”. Em concreto, lembrou que o “Porto Santo não tem capacidade, ao nível da restauração, de servir jantares, por exemplo a 600 ou 700 pessoas”.

Para a Madeira, diz, já faz mais sentido, porque no Funchal a oferta da restauração já permitiria ter um regime meia-pensão ou pensão completa como foi ‘moda’ nos anos 60, 70 e 80. Mesmo assim, com reservas, uma vez que apenas em “destinos muito maduros” e que não são ilhas, cidades como Paris ou Londres, é que se “podem dar ao luxo” de taxar e restringir o ‘all-inclusive’. “E mesmo assim não o fazem”, concluiu a governante. Uma posição dura da tutela.