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Idosos de São Vicente estão “mais ou menos” satisfeitos com a vida

Autarquia apresentou, hoje, os resultado do ‘Estudo de Caracterização da População Idosa de São Vicente’

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A Câmara Municipal de São Vicente procederá à apresentação pública do ‘Estudo de Caracterização da População Idosa do Concelho’, intitulado ‘Perfis sociais dos padrões de vida na velhice’, a ter lugar pelas 10 horas, no Salão Nobre da Câmara Municipal.

A Câmara Municipal de São Vicente apresentou, hoje, os resultados do Estudo de Caracterização da População Idosa do Concelho de São Vicente – “Perfis Sociais e Padrões de Vida na Velhice”, estudo complementar ao Diagnóstico Social do Concelho de São Vicente. O estudo surge no âmbito da elaboração do Diagnóstico Social do Concelho e visa um olhar aprofundado sobre as vivências, as práticas e as necessidades quotidianas desta população.

O inquérito por questionário, com 87 perguntas, foi aplicado durante 4 meses (Março a Junho de 2017), a uma amostra de 350 pessoas, com 65 ou mais anos, residentes nas três freguesias do Concelho (São Vicente, Ponta Delgada, Boaventura).

Mais mulheres e elevado analfabetismo

Os resultados obtidos relativamente a alguns aspectos sociodemográficos da população em estudo revelam que existe uma feminização do envelhecimento, constatado pelo número de idosos do sexo feminino ser mais elevado do que o masculino. A maioria possui o Ensino Básico do 1. Ciclo, antiga 4.ª classe (39,4%). Contudo, o segundo valor com maior incidência refere-se aos idosos que não sabem ler nem escrever, com cerca de 34%. Estes dados revelam que apesar da maioria dos idosos terem a 4.ª classe, o número de idosos analfabetos é, ainda, relativamente alto no global dos inquiridos.

Agricultores e bordadeiras ‘remediados’

Aquando da sua idade activa, os inquiridos revelaram exercer profissões/ocupações maioritariamente ligadas à agricultura, à vida doméstica e ao bordado. Verificamos ainda que a prática da agricultura é transversal a ambos os sexos e que as categorias bordadeira e doméstica são exclusivas ao sexo feminino.

Relativamente à situação económica actual 76,9% dos inquiridos afirmou ser remediada e, apenas 13,1% considerou ter uma situação económica boa. Tendo em conta há 10 anos atrás, os inquiridos consideraram que a sua situação económica actual piorou (46,3%) e 40,6%, consideram que a sua situação económica se manteve.

Apenas 4,6% afirma não ter alguém a quem recorrer em caso de necessidade urgente

A maioria dos inquiridos (64,0%) convive todos os dias com outras pessoas, sendo que passam mais tempo (44,86%) com o cônjuge/companheiro, seguindo-se os vizinhos (17,43%) e os filhos/filhas (11,14%). Em caso de necessidade urgente a grande maioria dos inquiridos (89,4%) afirmou que tem alguém a quem recorrer. Os restantes, cerca de 6,0% afirmam nem sempre e 4,6% afirma não terem alguém a quem recorrer em caso de necessidade urgente. Para a maioria dos idosos quem os ajuda habitualmente são os filhos (39,43%), seguindo-se o companheiro/cônjuge (26%).

Relativamente à percepção da solidão pelos idosos verificamos que, maioritariamente, sentem-se sós algumas vezes (42,9%), seguindo-se os que se sentem raramente e muitas vezes, com 24,3% e 20,9%, respectivamente. Durante a noite, mais de metade dos inquiridos (67,1%) afirmaram que durante a noite estão sempre acompanhados. Ainda assim, 32,3% afirmaram que durante a noite estão sempre sozinhos. Quanto ao querer acompanhamento durante a noite, mais de ¾ dos inquiridos (80,6%) não quer acompanhamento durante a noite. Dos idosos que afirmaram querer acompanhamento durante a noite, 13,1% responderam sim, na minha casa e 4,0% afirmaram sim, quer na minha casa, quer numa instituição.

Maioria está “mais ou menos” satisfeita com a vida

No que concerne ao sentimento em relação à sua vida, 43,1% consideram estar mais ou menos e 32,9% consideram estar satisfeitos. O valor intermédio de 16,3% refere-se àqueles que estão descontentes. Os valores mais baixos referem-se a categorias extremas, nomeadamente, 4,9% estão muito satisfeitos e 2,9% estão muito descontentes. Tendo em conta à maior preocupação dos idosos aquela que se destacou, com 72,6% das respostas, foi a saúde, seguindo-se a família com 11,1%.

Apoios no dia-a-dia

Para 36,6%, dos inquiridos verificamos que não precisam de apoio no seu dia-a-dia. O tipo de ajuda que maior incidência teve resultados foram ajuda monetária, com 22,0% e mobilidade, com 13,4%. Os tipos de ajuda afectiva/ relacional e cuidados domésticos, com valores aproximados de 12%.

Verificamos que a grande maioria dos idosos inquiridos, cerca de 74,9%, em termos de autonomia de locomoção considera que na sua vida diária é autónoma/ pouco dependente, seguindo-se 21,7% que consideram ser dependentes e, 3,4% consideram ser muito dependentes.

Tendo em conta a necessidade de apoio de outra pessoa para realizar as tarefas diárias, as duas tarefas que merecem mais apoio foram tratar de documentação/ pagamentos e ida ao médico. Por outro lado, as actividades diárias que se encontram limitadas devido à situação de saúde dos idosos inquiridos, reportam-se, sobretudo, à higiene pessoal, seguindo-se subir e descer escadas, deslocar-se ao exterior.

Maioria tem casa própria

Relativamente à residência habitual dos inquiridos 86,6% tem casa própria e 12,6% vive em casa de familiares.

No que concerne aos equipamentos básicos e algumas facilidades das habitações dos inquiridos, em 100% dos casos a habitação possui água canalizada, electricidade, fossa séptica ou esgotos e gás. Em 99,4% dos casos, a habitação possui gás e WC interior/exterior, em 98,3% dos casos a habitação possui televisão e em 93,4% dos casos a habitação possui telefone/telemóvel.

Considerando o estado de conservação da habitação constatamos que é bom (47,1%) e razoável (40,0%). As categorias extremas, mau/degradado e muito Bom, obtiveram 7,4% e 5,4%, respectivamente.

Idosos de São Vicente não têm “nenhuma” necessidade

Face às necessidades mais importantes sentidas pelos inquiridos, a resposta com maior incidência é nenhuma (111 casos).

Os valores seguintes revelam as seguintes necessidades: companhia/conversa (47 casos), ajuda no pagamento das despesas domésticas (44 casos), ajuda na aquisição de medicação (41 casos), ajuda nas tarefas domésticas (36 casos).

Os valores mais diminutos reportam-se a melhoria nas condições da habitação (21 casos), a ajuda a deslocar-se ao exterior (16 casos), a outra (15 casos), a ajuda na aquisição de bens essenciais (8 casos) e, finalmente, a formas de ocupar o tempo fora de casa (2 casos).