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E as medidas para as famílias que cuidam dos idosos em casa?

Acabo de ouvir o Primeiro-Ministro anunciar as medidas decretadas pelo Governo para este período de estado de emergência e novamente noto a ausência de medidas para os as famílias que coabitam e cuidam de idosos, se bem que desta vez já tenham aparecido algumas medidas para os idosos ativos.

Vivemos na ilusão de que os idosos se mantêm ativos, que o problema é convencê-los a ficar em casa, pois os que não estão ativos devem estar em lares e para esses já foi determinada a proibição de visitas. A realidade, felizmente, é muito mais diversa existindo um grande número de idosos (alguns dos quais com grande grau de dependência) que vivem no seio familiar e que as famílias devem estar, como eu, a perguntar neste momento: E agora o que vai ser de nós?

Não temos o direito que tem um progenitor de ficar em casa com o seu filho menor de 12 anos. Sim, esse filho quando crescer e estiver a cuidar dos Pais não pode fazer o que os Pais fizeram por ele porque o legislador não consegue compreender que cada vez que faz uma medida para os Pais poderem cuidar dos filhos deve fazer medidas para os filhos (ou familiares) cuidarem dos idosos.

Fala-se muito do COVID 19 e da desgraça que é para os idosos, mas não se fala do que as famílias que cuidam devem fazer e era importante que nos dissessem porque a porta de entrada do vírus no ambiente de muitos idosos poderá vir a ser pelos cuidadores. Claro que estes cuidadores vão lavar as mãos dezenas de vezes por dia, não vão espirrar para a mão, vão usar luvas, mas não podem manter a distância social recomendada – ninguém consegue dar de comer com uma colher ou dar de beber com um copo ou com uma chávena a mais de um metro de distância, para não falar da higiene íntima. O cuidador e o idoso são unha e carne!

A proteção dos idosos nesta altura não é só boa para eles, mas para toda a comunidade, pois cada idoso que não fique infetado é menos um caso grave nos hospitais e mais recursos para os mais jovens que necessitam deles – um caso claro de uma externalidade positiva. Não vamos colocar mais peso e responsabilidade nos profissionais de saúde levando a situações em que terão de escolher quem vive e quem morre como se verifica na Itália.

Por tudo isto, urge dar direito às famílias que cuidam de idosos para que possam fazer compras nas horas em que andam menos pessoas nos supermercados, para que possam cuidar a tempo inteiro durante este período de crise ... para que não sejam elas a causa da desgraça (para não dizer morte) daqueles que tanto amam.

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