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Presidente sul-africano anuncia que violência no país matou dez pessoas

foto EPA
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Pelo menos dez pessoas morreram, entre as quais um estrangeiro, devido à violência xenófoba que atinge a África do Sul desde o fim de semana, afirmou hoje o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que considerou injustificáveis os ataques e saques.

“Sabemos que pelo menos dez pessoas morreram nessa violência, entre as quais um estrangeiro”, afirmou o chefe de Estado, numa declaração à nação emitida pela televisão, durante a qual considerou que “não há desculpa para a xenofobia” nem uma “justificação para os saques e destruição”.

Cyril Ramaphosa acrescentou que a violência “diminuiu bastante” e explicou que 423 pessoas foram detidas na área de Joanesburgo, epicentro dos conflitos.

“É hora de todos nós que vivemos neste país enfrentarmos os nossos desafios de forma direta e honesta, não recorrendo à violência, mas ao diálogo”, vincou o Presidente sul-africano.

A África do Sul, a principal potência industrial do continente, é palco de violência xenófoba, em parte motivada pelo alto desemprego (29%) e pela pobreza.

Os ataques desta semana provocaram a ira em vários países do continente, onde os moradores atacaram os interesses sul-africanos.

A violência levou a que o Governo sul-africano decidisse “encerrar temporariamente” as suas missões diplomáticas na Nigéria, na sequência de ameaças.

A segurança em torno das marcas sul-africanas foi reforçada na Nigéria, na quarta-feira, depois dos apelos no país por várias personalidades destacadas ao boicote e à violência em resposta aos ataques xenófobos na África do Sul, indicou a polícia nigeriana.

“Reforçámos a segurança em torno das lojas da MTN (o gigante das telecomunicações sul-africano), da Multichoice (fornecedor de conteúdos televisivos) e dos supermercados Shoprite em toda a Nigéria”, declarou à agência France-Presse o porta-voz da polícia nacional nigeriana, Franck Mba.

Na terça-feira, um grupo de pessoas tentou vandalizar dois supermercados da marca sul-africana Shoprite, em Lagos, a capital económica nigeriana.

Na sequência dos ataques às suas lojas, a MTN anunciou o encerramento temporário das suas agências na Nigéria, o seu maior mercado.

“Para garantir a segurança dos nossos clientes, funcionários e parceiros, decidimos interromper as nossas operações e fechar as nossas agências, até novo aviso”, disse o porta-voz da MTN em comunicado, após ataques a agências do grupo em Lagos, Ibadan (sudoeste) e Uyo (sudeste).

Os ataques aos interesses sul-africanos na Nigéria surgiram na sequência de apelos à vingança e boicote feitos nas redes sociais e partilhados por centenas de milhares de utilizadores de Internet.

O Governo nigeriano também decidiu boicotar o Fórum Económico Mundial da África, que começou na quarta-feira na Cidade do Cabo, na África do Sul.

Os ataques têm visado sobretudo cidadãos estrangeiros.