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Ministro da Saúde do Brasil diz que escolheu sair e deixa plano pronto

O ministro da Saúde brasileiro, Nelson Teich, que está demissionário, disse hoje que escolheu sair do Governo, mas que deixa pronto um plano para ajudar estados e municípios a lidar com a pandemia de covid-19.

“A vida é feita de escolhas, e eu hoje escolhi sair. Dei o melhor de mim neste período. Não é algo simples, estar neste Ministério num período tão difícil. Este é um trabalho de uma grande equipa, que sempre estiveram do meu lado e trabalharam intensamente por este país”, afirmou em conferência de imprensa Teich, que pediu demissão pouco antes de completar um mês à frente da pasta da Saúde.

Contudo, Teich não explicou o motivo que o levou a pedir para sair do executivo, liderado pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que até ao momento não comentou publicamente este pedido.

Nelson Teich garantiu ainda que deixou pronto um plano de trabalho, para auxiliar governadores e prefeitos (autarcas) a enfrentar a pandemia, de forma a que possam entender melhor “o que está a acontecer e os próximos passos” a adotar.

Segundo o ministro demissionário, um programa de testagem também está pronto para ser aplicado, e que será importante para “entender a evolução da covid-19”.

Teich elogiou ainda os secretários de Saúde dos estados e municípios, afirmando que as secretarias têm um peso equivalente ao do Ministério na tomada de decisões para enfrentar a pandemia.

“A missão da Saúde é tripartida: envolve o Ministério, o Conass [Conselho Nacional de Secretários de Saúde], o Conasems [Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde], os secretários de Saúde. Isso é uma coisa importante de se deixar claro. O Ministério acha que [essa relação] é verdadeira e essencial para conduzir o país, tanto na parte estratégica quanto na execução”, acrescentou.

Teich, oncologista de formação, agradeceu ainda ao Presidente, Jair Bolsonaro, pela oportunidade de ter comandado o Ministério e elogiou a dedicação da equipa que trabalhou consigo.

“Eu agradeço ao Presidente a oportunidade que me deu de fazer parte do Ministério da Saúde. Isso era uma coisa muito importante para mim. Seria muito mau não poder atuar no Ministério pelo SUS [Sistema Único de Saúde]. Eu nasci graças ao serviço público, as minhas escolas foram públicas, a minha faculdade foi pública, residências públicas”, declarou.

“Não aceitei o convite pelo cargo. Aceitei porque achava que poderia ajudar o Brasil e as pessoas”, concluiu o ministro demissionário, em conferência de imprensa.

Nelson Teich pediu a demissão hoje de manhã, disse à Lusa a assessoria de comunicação do ministério.

O oncologista havia assumido o cargo a 17 de abril, após a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que discordava do Presidente do país, Jair Bolsonaro, na condução das medidas de combate ao novo coronavírus.

O desgaste de Teich em menos de um mês no Governo ficou evidente esta semana, quando foi informado por jornalistas sobre um aumento na lista de atividades essenciais, decretado por Jair Bolsonaro, que incluiu barbeiros, cabeleireiros e ginásios desportivos entre atividades que poderiam funcionar durante o isolamento social decretado por prefeitos e governadores em todo o país.

O ministro demissionário da Saúde também divergia de Jair Bolsonaro sobre a indicação do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes com covid-19.

Teich tornou-se assim no terceiro ministro a sair do Governo de Bolsonaro durante a pandemia no novo coronavírus, a seguir a Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça).

No Brasil foram registados 202.918 casos de infeção e 13.993 mortes provocadas pela covid-19 até quinta-feira.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 302 mil mortos e infetou mais de 4,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

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