>
Mundo

Grupo armado ataca estaleiro no centro de Moçambique e mata estrangeiro

RICARDO FRANCO/LUSA
RICARDO FRANCO/LUSA

Um cidadão vietnamita morreu decapitado num ataque contra um estaleiro na aldeia de Matarara, no interior sudeste de Manica, centro de Moçambique disseram hoje à Lusa várias testemunhas.

O grupo entrou na aldeia cerca das 05:00 locais (04:00 em Lisboa), tendo invadido o estaleiro madeireiro onde também incendiou sete camiões de carga e dois ‘bulldozers’.

“Eram sete homens, cinco armados e dois com catanas”, descreveram.

“Mataram, com catana [o cidadão vietnamita] e deixaram-no na mata onde fomos recuperar o corpo”, disse à Lusa José Chimudondo, um sobrevivente.

Um outro sobrevivente contou que os atacantes agruparam os trabalhadores do estaleiro, após serem retirados das suas palhotas, fazendo deles reféns e classificando a ação como um “recado” acerca das suas reivindicações.

“Eles diziam que as pessoas estão a morrer por culpa de Ossufo [Momade]”, afirmou à Lusa Manuel Jone, um guarda do estaleiro, que escapou das mãos dos atacantes.

Ossufo Momade é o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição em Moçambique, que em agosto de 2019 assinou um acordo de paz com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que prevê o desarmamento e reintegração de guerrilheiros do seu partido.

O acordo e a liderança de Momade são contestados por um grupo de guerrilheiros dissidentes liderados por Mariano Nhongo.

“Nós estamos no mato a sofrer enquanto Ossufo está na cidade”, disse Manuel Jone, citando um dos guerrilheiros durante um ataque.

Os atacantes exigiam dinheiro e alimentos, disseram os sobreviventes, mas durante a sua retirada não conseguiram carregar a farinha de milho e peixe seco que ali havia.

Autoridades de saúde locais confirmaram à Lusa a entrada do corpo da vítima mortal do ataque no centro de saúde de Dombe.

Este ataque ocorreu a cerca de 10 quilómetros da Estrada Nacional 01, a principal ligação do Sul ao Norte de Moçambique, com um histórico de incursões de homens armados que desde agosto já matou 23 pessoas.

Fechar Menu