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Autoridades em Itália admitem que número de mortos esteja subvalorizado

Foto EPA/SERGIO PESCI
Foto EPA/SERGIO PESCI

As autoridades eleitas do norte da Itália admitem duvidar cada vez mais dos números oficiais sobre as vítimas mortais da pandemia da covid-19 no país, referindo temer que os valores estejam muito subvalorizados.

Muito perto de Bergamo (norte), a cidade italiana mais atingida pela pandemia, o município de Nembro, que tem quase 12.000 habitantes, “registou oficialmente 31 mortes atribuídas à covid-19”, escreve o médico local Luca Foresti e o presidente do município Claudio Cancelli num artigo hoje publicado pelo jornal Corriere della Sera.

“Alguma coisa nestes números não nos convenceu e fomos ver as estatísticas sobre a média de mortes na cidade nos anos anteriores no período entre janeiro e março”, explicaram os dois homens.

“O número de mortes, em condições normais, seria de cerca de 35, mas, neste ano, registámos 158, ou seja, mais 123 do que a média e não 31”, número de mortes oficialmente atribuídas ao coronavírus, acrescentaram.

Os dois responsáveis referem ter observado a mesma anomalia noutros pequenos municípios da região, nomeadamente em Cernusco sul Naviglio, com um número de mortes “anormais” 6,1 vezes superior às oficialmente atribuídas à covid-19.

Na quarta-feira, o presidente do município de Brescia, outra cidade no norte da Itália que foi muito atingida pela pandemia, também referiu que o número de infetados e de mortos era superior ao anunciado oficialmente.

“Na região de Brescia, os contágios são muito mais numerosos do que o que se diz”, garantiu Emilio Del Bono, acrescentando que há muitas pessoas doentes em casa “e não se sabe como elas estão”.

Os números oficiais incluem mortes em hospitais e lares de idosos.

Com 7.503 mortes e quase 75.000 casos de infeção, a Itália continua a ser o país mais cruelmente atingido pela pandemia.

Roberto Burioni, um virologista reconhecido em Itália, também referiu que o número de pessoas infetadas “não é totalmente confiável” porque não leva em consideração os casos assintomáticos.

Um aviso que o governador da região de Nápoles assume, adiantando que a crise da covid-19 “vai explodir dramaticamente” na zona.

A região “vai viver, nos próximos 10 dias, um verdadeiro inferno”, porque o Governo não enviou nenhum equipamento médico e de proteção sanitária, estimou Vincenzo De Luca.

Embora a região norte de Itália, e sobretudo a Lombardia, tenha um sistema hospitalar menos frágil do que a região sul, é aí que a pandemia está a afetar mais o país.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20.000.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com cerca de 240.000 infetados, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 7.503 mortos em 74.386 casos registados até hoje.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 3.434, entre 47.610 casos de infeção.

Os países mais afetados a seguir à Itália, Espanha e China são o Irão, com 2.077 mortes num total de 27.017 casos, a França, com 1.331 mortes (25.233 casos), e os Estados Unidos, com 827 mortes (mais de 60.000 casos).

O continente africano registou 69 mortes devido ao novo coronavírus, ultrapassando os 2.631 casos.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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