Calotes e caloteiros

“Os processos de execução de dívidas a entidades financeiras na Comarca da Madeira atingiram o valor global de 53 milhões no primeiro semestre deste ano”, lê-se no DN de 12/8/2019.

Segundo esta notícia, só a dívida de Joe Berardo atinge o valor de 43,5 milhões de euros. O restante, ou seja, 9 milhões e meio de euros, dizem respeito a dívidas várias e insolvências. Mais: A CGD e o Novo Banco moveram ao senhor Berardo um processo para pagamento de um calote de 962 milhões de euros. Quanto mais ricos, mais caloteiros. Aliás, para chegarem a ricos foi de alguma maneira.

Ainda há pouco tempo veio a público que pessoas responsáveis na Segurança Social deixaram prescrever cerca de 3 ou 4 milhões de euros (salvo erro) de dívidas a esta instituição. A actual Directora da Segurança Social já veio a público demarcar-se dessas prescrições, uma vez que tudo isso aconteceu antes de ela tomar posse do cargo. Tem razão em defender-se, uma vez que não tem nada a ver com esse assunto, mas alguém foi responsabilizado por esses desvarios? Temos o direito de saber. Contudo, há uma questão pertinente: qual a razão de se deixar acumular uma dívida às centenas de milhares de euros? Porque não actuar logo que a empresa deixa de pagar o que lhe compete? Penso que não é correcto deixar acumular dívidas que trazem grandes prejuízos à Segurança Social.

Outra notícia preocupante: Uma centena de empresas da Zona Franca foram notificadas pela Autoridade Tributária para correcção fiscal. Estariam em falta cerca de 70 milhões de euros e o Governo Regional não meteu no relatório. As empresas da Zona Franca já pagam tão pouco e não é tolerável que mesmo esse pouco não paguem devidamente.

Mas a grande maioria dos caloteiros passam por tudo isto com pezinhos de lã e cada vez são mais ricos e ainda se riem da nossa cara.

E nós, pobres cidadãos, que pagamos todos os nossos impostos, contamos os euros para não chegarmos com dívidas ao fim do mês, ainda sofremos as consequências dos calotes que esses caloteiros deixam por pagar, esses que estão cada vez mais ricos à custa da pobreza de tanta gente.