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Desporto

IPDJ admite que financiamento das federações seja reafetado para atletas

Foto Shutterstock
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O presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Vítor Pataco, informa que a reafetação, para apoio à preparação de atletas, dos duodécimos pagos às federações desportivas “é uma possibilidade”.

O dirigente sublinha já estar previsto, nos contratos-programa anuais celebrados com as federações, a hipótese de até 10% das verbas do montante global serem aplicadas numa rubrica distinta da inicialmente prevista.

“Se ultrapassar esse valor, terá de se avaliar caso a caso”, explica, em declarações à agência Lusa, Vítor Pataco, que acrescenta manter-se esse pressuposto.

Segundo o presidente do IPDJ, existe abertura “no sentido de acolher essa preocupação das modalidades desportivas e das federações para analisar a reafetação do financiamento a destinos que sejam do interesse das modalidades desportivas, incluindo o apoio aos clubes desportivos”.

“Se houver alteração de maior significado, ela terá de ser conversada entre as partes”, acentua Vítor Pataco.

Susana Feitor, treinadora e representante da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), congratula-se com o prolongamento das bolsas olímpicas até Tóquio2020, adiado para o verão de 2021, mas mostra-se preocupada com os desportistas que, devido ao cancelamento e adiamento de provas por causa da covid-19, se viram impedidos de obter a qualificação e passarem a integrar o Programa de Preparação Olímpica, que incluiria retroactivos até ao início do ano.

A antiga marchadora salienta serem atletas de alto rendimento, da selecção nacional, mas que, não tendo até ao início da pandemia cumprido os objectivos, e no caso de não estarem vinculados a clubes com grande capacidade financeira, podem ver a sua preparação posta em causa se não tiverem ajudas que compensem não poderem participar em provas, onde conseguem prémios que compõem os seus rendimentos.

Susana Feitor destaca as dificuldades financeiras de muitas federações, onde “a manta é curta”, e preconiza que o financiamento destinado a competições, estágios ou outras iniciativas, agora suspensas, seja encaminhado pelas federações para apoio aos atletas, nomeadamente através da aquisição de material.

A ex-atleta internacional dá o exemplo de atletas que, em ano olímpico, se dedicam inteiramente a esse objectivo e deixam os seus empregos ou congelam a matrícula na universidade, para poderem “apostar tudo”.

“Receio que essas pessoas sejam confrontadas com a decisão difícil de continuar a praticar o alto rendimento ou não”, vinca a antiga marchadora olímpica.

Encaminhar as verbas destinadas a competições para melhorar as condições de treino dos atletas, de aprendizagem dos treinadores, de recuperação e preparação seria “um bom sinal”, “para que não sintam que foram deixados sozinhos”, defende Susana Feitor.

João Rodrigues, presidente da CAO, considera que os atletas “em vias de se qualificar”, com “expectativas sérias e realistas” de integrarem o Programa de Preparação, mas que perderam essa oportunidade por as provas não se terem realizado, podem vir a sentir “limitações”.

“Desde o período em que surgiu esta pandemia até ao momento em que vão ter a próxima prova de qualificação é um período bastante longo. Imagino que vão ter algumas dificuldades do ponto de vista financeiro para cumprirem o programa que tinha sido delineado”, vaticina o velejador, que sublinha ser um problema menos preocupante para os atletas vinculados a clubes que lhes podem dar essa garantia.

Vítor Pataco refere que “esses atletas estão cobertos por programas de apoio à sua preparação no âmbito das selecções nacionais e do alto rendimento, que são programas financiados pelo IPDJ”. “As federações são livres de apoiar e de financiar a sua preparação”, acrescenta o presidente do IPDJ.

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 foram adiados para 2021, devido à pandemia do novo coronavírus.

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