Rivalidade estratégica entre a Índia e a China
A China e a Índia são potências nucleares na Ásia. Apesar da Índia dispor de importantes recursos naturais, não conseguiu acompanhar o crescimento económico chinês. Embora a rivalidade no domínio marítimo se tenha intensificado nos últimos anos, as disputas territoriais terrestres continuam a ser o principal foco de tensão entre ambos países. A rivalidade sino-indiana estende-se também à esfera energética, onde a competição pelo acesso a recursos estratégicos tem levado ambas as potências a projetar influência para além das suas fronteiras.
Um dos episódios mais críticos nas relações sino-indianas foi a crise fronteiriça de 2020, marcada pelos confrontos violentos na região de Ladakh, no noroeste da Índia. Este incidente intensificou a perceção da China como uma ameaça por parte da Índia, que respondeu adotando uma estratégia de mitigação de riscos, centrada na redução das suas vulnerabilidades internas e na diminuição da sua dependência da China. Esta estratégia teve particular atenção nos setores estratégicos essenciais para a segurança nacional indiana.
Neste contexto de crescente rivalidade com a China, a política externa indiana orientou-se para o reforço de parcerias com Estados que partilham preocupações convergentes face à ascensão chinesa. Paralelamente, Nova Deli aprofundou a cooperação com aliados estratégicos em áreas cruciais como defesa, segurança, economia e tecnologias críticas. Ao mesmo tempo, a Índia adotou uma postura diplomática mais assertiva tanto no seu espaço regional imediato, o Sul da Ásia, como em outras áreas de interesse geopolítico, como o Médio Oriente e o Leste Asiático. Além disso, expressou a sua preocupação com a presença chinesa no Mar da China Meridional e no Estreito de Taiwan, reforçando laços com Taiwan.
Já a China intensificou os seus vínculos com o Paquistão e projetou a sua influência junto dos países vizinhos da Índia e na região do Oceano Índico. A China não se limita a consolidar a sua posição como potência dominante, mas também procura restringir os interesses estratégicos da Índia na sua esfera de influência, considerando-a como um adversário alinhado com os Estados Unidos da América, o Japão e a Austrália, especialmente nas regiões do Índico e do Pacífico.
Em suma, a Índia desconfia do cumprimento, pela China, dos acordos bilaterais sobre a fronteira. A ambiguidade estratégica adotada por Pequim revela-se vantajosa para os seus objetivos. Dada esta dinâmica, é previsível que tanto a China como a Índia continuem a reforçar as suas reivindicações territoriais e a expandir as suas capacidades militares, à medida que a rivalidade entre os dois países se aprofunda na região.