BE quer obrigar cooperativas de habitação a vender só casa própria e para residentes
Dina Letra denuncia "escândalo": apartamentos construídos por cooperativas alocados para AL e no mercado de arrendamento por 1.200 euros
O Bloco de Esquerda defende que as cooperativas de habitação que recebem apoios públicos e vantagens para construir casas para responder à crise no acesso à habitação na Madeira devem ser obrigadas a vender os fogos exclusivamente para os residentes que pretendem adquirir residência própria e permanente.
Em Março deste ano, durante a campanha para as regionais, o Bloco de Esquerda denunciou precisamente "o escândalo" que estava a acontecer num prédio recentemente inaugurado para habitação acessível por parte de uma cooperativa de habitação. "Tinham apartamentos no mercado de arrendamento a 1.200 euros e hoje há um novo patamar nesse escândalo que é termos alojamento local nesse mesmo prédio", constata Dina Letra, coordenadora regional do BE.
É a subversão total do princípio das cooperativas de habitação, e tem de haver responsabilidades a apurar. Dina Letra
Daí que considera urgente regular o mercado. "Uma cooperativa de habitação que tem apoios do Governo e das Câmaras para os seus projectos só pode vender para habitação própria e para residentes na Madeira", defende a dirigente do BE, que considera que só assim se consegue dar passos para a resolução da grave crise da habitação na Madeira.
O Bloco de Esquerda está também preocupado com a recente decisão do governo de Miguel Albuquerque em retirar terrenos que estavam destinados à construção de habitação pública pelo Instituto da Habitação da Madeira (IHM) para entregá-los às cooperativas. Uma notícia que foi avançada pelo DIÁRIO a 13 de Julho último. Em causa, está o recuo da decisão governamental, tomada há dois anos, de afectar ao programa ‘Casa Própria’ da IHM uma área de 5.580 metros, numa zona privilegiada do Funchal.
Duas agressões por dia
Confira os destaques da primeira página do DIÁRIO de hoje
Ora, o BE entende que há um enorme déficit de construção de habitação pública na Madeira, quando há "milhares de famílias inscritas no IHM e na Sociohabitafunchal, que aguardam há anos por respostas".
Não podemos permitir este claro negócio que está à vista de todos. O Governo Regional está a favorecer o negócio da habitação, não está a trabalhar para resolvê-lo. É culpado por nada fazer e por só estar a agravar a emergência social em que se tornou o problema da habitação na Madeira." Dina Letra
Os bloquistas entendem que Miguel Albuquerque não tem razão ao afirmar que o preço exorbitante e de luxo da habitação é fruto do bom momento económico vivido na Região. "É sim de más políticas que não defendem o direito dos madeirenses a uma casa para viver", corrige Dina Letra.