A propósito dos tis do Fanal e do Parque de Santa Catarina
Esta semana saíram no DN quer através de cartas do leitor, quer de declarações pessoais que versavam dois temas: a situação dos tis do Fanal e a questão do relvado do Parque de Santa Catarina que foi “destruído” pela realização de um festival de música devido ao pisoteio.
Com efeito o meu distinto e estimado colega Henrique Costa Neves publicou uma carta do leitor onde defendia a necessidade de uma intervenção imediata na Zona do Fanal, onde existem umas colónias de Tis milenários que estão a ser destruídos pelo excesso de carga humana e de vacas. Muitos desses tis, passaram a cadáveres, nas barbas dos chamados Serviços Florestais. Há mais de vinte anos que escrevi um artigo sobre esse mesmo assunto que, pelos vistos de nada serviu. Mais, falei com o Director dos Serviços Florestais de então e mostrei-lhe a minha preocupação com aquela situação que em pouco tempo conduziria à desertificação. Inclusivamente falei na necessidade de fazer novas plantações e vedar o local para as vacas não comerem as suas folhas e ramos verdes e que também não fosse permitido entrar pessoas nessa zona em regeneração. Ouvi uma série de desculpas que não podia ser e continuou tudo na mesma. Vinte anos depois, mais ou menos, vejo a preocupação, que também continua a ser minha, de um colega que esteve ligado ao sector do Parque Natural da Madeira. Tudo o que ele disse, eu assino por baixo.
Por isso junto a minha voz à do meu colega para que o IFCN de imediato comece a preparar o local para a sua regeneração para que, quando chegar à época própria procedam à plantação dos tis, começando já com o corte das ervagens secas que existam para permitir uma mais rápida decomposição e uma melhor infiltração da água das chuvas no local e respectiva vedação relativamente alta com paus de pinho tratado e rede de arame para que não haja mais pisoteio, quer animal, quer do gado bovino. As portas de entrada e saída devem ser fechadas a cadeado, porque este turismo de agora não respeita as vedações.
Obrigado colega, temos que defender o que é nosso.
A segunda nota refere-se a uma espécie de protesto a pedir que acabem os festivais de música no Parque de Santa Catarina publicado, também no DN. Perto da casa onde vivo existe um parque com um grande relvado, onde não há pisoteio nem qualquer festival de música e o relvado está totalmente castanho, na zona da Madalena em Santo António. Nesta altura do ano costuma aparecer uma praga que vulgarmente se chama lagarta da relva que se não houver cuidado come a relva num abrir e fechar de olhos. A Câmara Municipal sabendo que havia um festival numa determinada data, deveria ter feito, primeiro, um corte da relva, uma fertilização seguida de uma boa rega e logo depois o respectivo tratamento fitossanitário. A relva não podia ser regada nos três dias seguintes para deixar o pesticida fazer o seu efeito. Como precaução o recinto deveria ser fechado, durante esses três dias e depois manter o regime de regas diárias ou mesmo duas vezes por dia caso o calor apertasse. Passados oito/dez dias o recinto poderia ser reaberto ao público.
Logo depois de terminar o espectáculo o relvado deveria ter regado para que a relva dobrada ou partida pudesse voltar à sua posição correcta. O tratamento fitossanitário deveria ser repetido três semanas depois de devidamente regado. Se tivessem tido estes cuidados a relva não ficaria naquele estado.
Veja-se, por exemplo, o caso dos campos de futebol onde geralmente há dois treinos por dia e pelo menos um jogo por semana. Certamente que já viram, pelo menos na televisão, o campo a ser regado enquanto treinam, ou mesmo no intervalo do jogo. Os relvados são uns grandes consumidores de água porque são milhares de folhas por metro quadrado que estão em sistema de evapotranspiração.
Portanto não precisamos de proibir os festivais de música, mas sim de tratar devidamente o relvado com a respectiva antecedência.