Sismo ocorreu na falha que atravessa o Madeira-Tore
Distância faz com que evento sísmico não tenha tido impacto na Madeira
Foi no Madeira-Tore, particularmente na falha entre placas tectónicas, que se sentiu o sismo de 5.7 na escala de Richter, na madrugada desta sexta-feira. Sismo que pouco ou nada se sentiu nas ilhas da Madeira e Porto Santo, ficando o seu epicentro a cerca de 510 Km a Norte-Noroeste da ilha do Porto Santo.
Sismo de 5.7 foi sentido bem longe da Madeira
Na região da Madeira-Tore, que basicamente fica situado entre este arquipélago, o dos Açores e o continente português
Francisco José Cardoso , Agência Lusa , 25 Julho 2025 - 07:38
O Madeira-Tore é um importante arquipélago submarino que se encontra em águas marinhas portuguesas. É um planalto submarino que se estende ao longo de cerca de 700Km, entre o Norte do Arquipélago da Madeira e o continente. O delegado regional do IPMA explicou ao DIÁRIO que a distância a que a falha se encontra faz com que evento sísmico desta manhã não tenha tido impacto na Madeira.
Agência Lusa , 25 Julho 2025 - 10:21
Na verdade, o sismo ocorreu na falha entre as placas da Eurásia e de África que, a certa altura, atravessam este planalto submarino. A falha, o intervalo entre as duas placas, cruza este planalto que existe entre o Norte da Madeira e o continente. Ricardo Tavares, delegado regional do IPMA
O delegado regional do Instituto Português do Mar e da Atmosfera explica que “a falha é muito longe da Madeira”, mais de 500 Km a norte do arquipélago, entre os Açores e o continente. “É mesmo muito longe”, vinca, para explicar a razão pela qual um “sismo de magnitude muito significativa acabou por praticamente não se sentir na Madeira”.
Ricardo Tavares atesta que não é possível prever a actividade sísmica, mas que, salvo uma grande coincidência, não é de temer que um sismo de tamanha magnitude venha a ocorrer mais a sul, mais perto das ilhas. A acontecer, os fenómenos não teriam ligação entre si. “Esta falha está muito longe para ter impacto”, assegura.
Crista Tore Madeira
Segundo o IPMA, a Crista Tore Madeira (CMT) é uma cadeia de montes submarinos com cerca de 700km que se estende entre o monte submarino Tore e o arquipélago da Madeira, segundo uma orientação Nordeste-Sudoeste. A sua formação, ainda sem estar completamente compreendida, resulta de intrusões magmáticas que ocorreram durante vários episódios de idades distintas.
A CMT apresenta, assim, uma diversidade geomorfológica susceptível de albergar o que poderão ser ambientes únicos do ponto de vista geológico e biológico. Razão que motivou as campanhas realizadas pelo IPMA em 2021 (MT21) e 2022 (MT22), com o intuito de adquirir dados geológicos, biológicos e oceanográficos que permitirão, caracterizar o Baseline ambiental de áreas de interesse estratégico, que poderão ser classificadas de áreas protegidas marinhas nacionais.
Nova campanha em Setembro
Nos últimos 15 dias do próximo mês de Setembro decorrerá a próxima campanha, que pretende aprofundar o conhecimento científico do planalto marinho Madeira-Tore. Esta missão oceanográfica será feita a bordo do NRP D. Carlos I, navio hidrográfico e oceanográfico da Marinha Portuguesa.
O IPMA, juntamente com outras instituições, objectiva estudar a biodiversidade marinha, e a utilização sustentável dos recursos naturais associados ao mar. “O foco é a protecção de zonas marinhas e criação de zonas delimitadas para proteger e conservar a natureza”, elucida o delegado regional do IPMA.