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Crónicas

Nem o tempo volta, nem a vida se repete…

Mais um ano, um Verão e umas férias que parecem sempre chegar na melhor altura. Não deixa de ser engraçado que tem vezes em que quando chegamos aos nossos dias de descanso parece-nos que não aguentaríamos nem mais um. Mas aguentamos, somos um animal de hábitos e com mais força e maior resiliência do que supomos. Ainda assim para quem trabalha, se esforça e se dedica as férias têm sempre um sabor especial. Sobretudo para quem consegue “desligar a ficha”, não pensar em mais nada e afastar por momentos os problemas pessoais e as responsabilidades profissionais. É impressionante como à medida que a vida vai avançando nos vamos apercebendo de uma forma mais vincada, da importância do tempo e da falta dele. Do que queremos fazer com o que nos resta, o caminho que ainda temos para percorrer e as pessoas que desejamos à nossa volta. O que não volta mesmo são as horas ou os minutos que desperdiçamos com quem não nos valoriza ou não nos acrescenta. Eu deixei de dar para esse peditório. Deixei de ter paciência para aturar chatos e mal resolvidos, que nos sugam permanentemente as energias com egocentrismos e confusões. Os que dão importância ao que não vale nada e é acessório.

É por isso para mim fundamental a ligação à família por muito que alguns iluminados a queriam desvalorizar ou mudar-lhe o sentido. Na verdade sempre foi para mim um porto seguro e uma razão de tremenda felicidade e conforto cair-lhes nos braços. Assim como os momentos que passamos com os amigos verdadeiros, os que têm orgulho em nós e nos fazem bem. Os outros não interessam para nada. Não são amigos , são apenas espuma dos dias que mais cedo ou mais tarde se vai embora. É isso que tento sempre aproveitar quando vou de férias. A família, os amigos e o tempo de qualidade que posso passar entre os dois mundos que muitas vezes se ligam. Família que são amigos, amigos que fazem parte dela. Estas alturas proporcionam-me sempre essa magia de poder estar sozinho, com alguém ali ou de me conseguir rodear de pessoas absolutamente especiais. Seja a ler um livro, a dar um mergulho no mar, a partilhar uma música, no silencio do nascer do dia ou na beleza de um pôr do sol. Vamos trocando a noite pelo dia o que não quer dizer que abdiquemos de diversão, de risadas à beira mar ou de longas e profundas conversas sobre tudo e sobre nada.

Os jogos, as brincadeiras, as jantaradas ao ar livre e o aproveitar dos mais novos sem o telefone permanentemente a tocar ou a azáfama dos mails e das reuniões. Viver também é isto, guardarmos um espacinho para nós, fazermos o que realmente gostamos e termos a oportunidade se nos apetecer, de não fazer absolutamente nada. É um pouco esse o significado de sonhar acordado, de nos sentirmos livres e leves. É isso que procuro nestas férias. A saudável sensação de um mergulho no mar, dos passeios na praia e da vontade cada vez mais forte de viver e construir pequenos momentos perfeitos que se traduzem no melhor que podemos ter. Nem o tempo volta, nem a vida se repete e por isso só podemos agradecer pela oportunidade de conhecer gente incrível e a “obrigação” de os aproveitar e contribuir também para lhes darmos a dose possível de felicidade. A que nos cabe a nós. Não quero nada mais para mim do que as pessoas certas à minha volta e a possibilidade de partilhar com eles tudo o que der. Para que no fim do dia sinta que foi um tempo bem empregue, que valeu a pena e que continua a valer. Ir à procura do que nos faz feliz nestes dias de descanso ganha um novo significado. Nem sempre é possível assim. Desejo por isso a quem como eu se encontra de férias ou a quem ainda vai, que seja inesquecível ou pelo menos que seja bom, tranquilo e reparador!

Frases soltas:

O ciclismo é um dos desportos que mais gosto de assistir na televisão. Acho incrível a capacidade de superação e resiliência numa demonstração física brutal. Está a decorrer o Tour de France onde todos os portugueses colocavam naturais expectativas no nosso João Almeida. Infelizmente uma queda fê-lo desistir de forma precoce. Mesmo com essa desilusão é fantástico ver como Tadej Pogacar, da mesma equipa, consegue derrubar todos os seus rivais em mais uma prestação que o coloca como um dos maiores de sempre. É um Super Homem!

Este ano completam-se 40 desde o primeiro episódio da série portuguesa Duarte e Companhia. Uma produção cómica irresistível que animou muitas noites de diferentes gerações.