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Fact Check Madeira

A gastronomia madeirense é muito pobre em variedade?

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Foto Arquivo/ASPRESS

Está a decorrer, na Praça do Povo, mais uma edição do SAL – Sabores do Atlântico, até ao próximo domingo, dia 20 de Julho. Numa visita ao espaço, Eduardo Jesus garantiu que “a gastronomia desempenha um papel central na promoção turística do arquipélago, sendo um dos elementos mais autênticos e atrativos da identidade regional”.

Este evento trata-se de um festival gastronómico para “celebrar a identidade atlântica da Região, através dos produtos do mar e da terra e da inovação na gastronomia”.

Nas redes sociais surgiram vários comentários sobre o certame. Também no nosso site houve comentários sobre o assunto. Um desses comentários afirma que “a gastronomia madeirense é muito pobre em variedade. No entanto, embora seja pobre em variedade, o que tem é bom. Mas são meia dúzia de pratos, nem isso”. Fomos então tentar perceber se a gastronomia madeirense é assim tão limitada ou se existe mais do que meia dúzia de pratos e sabores típicos.

Fomos então pesquisar informações junto de quem tem vindo a promover a gastronomia regional, como é o caso da ‘Biqueira’. Trata-se de uma personagem criada por Sandra Cardoso, que dá a conhecer a gastronomia típica madeirense.

No seu site, no separador dedicado às receitas madeirense, somos capazes de encontrar dezenas de pratos. Desde logo, no que diz respeito a entradas, temos os bolinhos da frigideira, tremoços, feijocas de escabeche e ainda cebolas de escabeche.  

Caldo de carne, canja, milho cozido, sopa de couve, sopa de tomate e sopa de trigo são outros dos pratos apresentados, desta feita na secção sopas. Quanto a pratos de carne, temos desde o arroz de couve com carne de porco, carne vinha d’alhos, coração e bofe, dobrada, picadinho madeirense e a tão afamada espetada em pão de louro.

Nos pratos de peixe e marisco encontramos desde o arroz de lapas, ao atum salpresado, bifes de atum, cavalas com molho vilão, filete de espada, gaiado de escabeche e ventrecha de atum.

Nos doces, há desde o bolo de mel, passando pelo bolo de noiva, bolo família, malassadas, broas de mel, palitos de cerveja, sonhos e torrões de açúcar. As queijadas da Madeira também fazem as delícias de madeirenses e turistas.

A estes juntam-se outros sabores bem conhecidos dos madeirenses como o bolo do caco com manteiga d’alho, o milho frito, lapas grelhadas ou a poncha.

Existem ainda outros alimentos, como o chícharo, que têm vindo a ganhar mais força, através de promoção de eventos, como é o caso da Mostra Regional do Chícharo, na Quinta Grande, que pretende revisitar os sabores tradicionais, para que os mesmos não se percam.

A riqueza da gastronomia madeirense já inspirou a publicação de vários livros de receitas. Maria Helena Grácio lançou ‘Cozinha Madeirense’ em 2015, da editora Everest. ‘Sabores da Madeira’ é um livro exclusivo dos CTT, com sabores com o do Coelho com Inhame, típico do Porto Santo. ‘Cozinha Regional Da Madeira’ é o título da obra de Ana Isabel Figueira, datado de 1996. A Academia Madeirense das Carnes lançou também a obra ‘Sabores: Receitas Tradicionais Madeirenses’, com a colaboração de Júlio Pereira.

“A gastronomia madeirense é muito pobre em variedade. No entanto, embora seja pobre em variedade, o que tem é bom. Mas são meia dúzia de pratos, nem isso” , afirma um leitor do DIÁRIO