A decadência do sistema democrático
O futuro passa pela literacia política dos eleitores que saibam escolher entre os tais vendedores de banha-de-cobra e aqueles que fazem promessas sensatas e exequíveis
A conjuntura geopolítica leva até os mais distraídos a deduzir que é o princípio do fim deste modelo de democracia em que vive a maior parte dos mundanos. Apesar da democracia ser o pior de todos os sistemas com exceção de todos os outros, segundo Wiston Churchill, o radicalismo está a impôr-se a passos largos e avança perigosamente em várias frentes. Acredito, mesmo, que o futuro político seja o populismo onde um vendedor de banha-de-cobra, com o dom da palavra, arraste multidões incapazes de pensar pela própria cabeça.
O ser humano é um animal insatisfeito que procura inovar mesmo que seja para pior. Apregoa-se o extremismo de direita ou de esquerda mas eu não vou por aí, extremismo é extremismo e não tem cor política, ponto final. Pelos últimos acontecimentos alguém jura que Putin é um homem de esquerda? Ou Trump é um homem de direita? Então com ideologias tão díspares como é que eles se entendem tão bem? Outros se seguem, como Erdogan, Le Pen, Bolsonaro, Maduro, Kim Jong-Un, Karol Nawrocki, eleito na Polónia, Élon Musk que se dizia amigo de Trump, o pai de Musk, Errol Musk, um seguidor confesso de Putin, e outros que tais, são de esquerda ou direita? Não! São o corolário da insatisfação, das ideias excêntricas e das desigualdades sociais que ameaçam a paz no mundo. Juntemos a estes, os grupos extremistas/ terroristas educados, desde o berço, para o fundamentalismo islâmico com motivações radicais, políticas, religiosas, étnicas, tais como Al-Qaeda, Estado Islâmico, Farc, Boko Haram ou Novo Ira, neonazis e outros. Penso que o nosso sistema democrático, a curto ou médio prazo, irá dar lugar a uma nova política com dois únicos polos; de um lado os extremistas, do outro, os moderados. O futuro do Mundo está à beira do precipício e para salvar-se dependerá de gente moderada e bom senso.
No meu artigo de opinião de janeiro do corrente, dizia que a física é exata quando afirma que cargas do mesmo nome repelem-se, referindo-me à amizade entre dois excêntricos, Musk com saudações à Hitler e Trump que se contradiz a cada momento. Pois, passados 5 meses estão eles a brigar como cachorros de rua. Um a impor novas taxas e novas leis, hoje, para alterar amanhã e outro que anda aos saltos na Sala Oval com uma criança às costas, só têm dólares no lugar dos miolos. As políticas excêntricas de Trump já estão a dar lugar a revoltas em Los Angeles com o Governo a enviar tropas federais para conter os revoltosos, o que pode indiciar uma guerra civil. Os conflitos estão a despontar como focos de incêndio num dia de ventania. Como já não bastasse a cruel invasão da Rússia à Ucrânia, junta-se agora o Médio Oriente com a desgraça da Faixa de Gaza e o recente conflito entre Israel e o Irão. Desde 1945 que não havia tantos conflitos armados no Mundo.
Todavia, o paradoxo da situação é que são os próprios governantes atuais, incompetentes e desonestos, que dão força moral aos populistas que se aproveitam do descontentamento popular para dilatarem o seu veneno nas populações que se sentem injustiçadas e facilmente caiem na esparrela da demagogia barata. Já o afirmei e repito, enquanto alastrar a injustiça social as populações tendem a ser mais radicais. E mudar isso, está na competência dos políticos atuais.
O futuro passa pela literacia política dos eleitores que saibam escolher entre os tais vendedores de banha-de-cobra e aqueles que fazem promessas sensatas e exequíveis. Que aprendam a distingir os incompetentes, os corruptos, o enriquecimento ilícito à custa dos cargos públicos. Aqueles que fomentam as desigualdades sociais abismais entre as classes trabalhadoras. Na política de habitação para jovens que querem constituir família, custo de vida que as classes desfavorecidas não suportam, ordenados para reformados de 300/400 euros que compram bens e serviços ao mesmo preço dos que ganham milhares de euros. É isto que as populações já não suportam e o desespero leva-as a votar nos populistas que dizem o que a população quer ouvir e como único meio de salvação. É isto que terá de mudar se não quiserem que os radicais governem o Mundo.
A UE tem poder e deve usá-lo no sentido de combater esta inflação insuportável originada pela liberalização desregrada dos preços ao consumidor, ou a inflação jamais terá controlo. Os governos terão que começar por estabelecer margens de lucro para bens e serviços ou este espiral de custo de vida levará o Mundo à revolta popular. Disparate? Não! Um futuro próximo dar-me-á razão. PS: Atenção! Os governos mundiais estão a dar demasiada importância ao excêntrico da Casa Branca colocando-o como árbitro do Mundo o que lhe faz inchar o ego. Este homem que não consegue cumprir leis nem regras não tem moral para ser polícia, juiz e carrasco, do Mundo.