Santa Cruz: podemos falar do que realmente importa?
Santa Cruz é a terra que me viu nascer e crescer, a terra onde iniciei o meu ciclo de estudos, a terra onde vive a minha família, a minha terra de coração. Somos o segundo maior concelho da Região Autónoma da Madeira, em termos populacionais, tendo cerca de 43 mil habitantes. Somos, simultaneamente, a principal porta de entrada e saída da Madeira, graças ao Aeroporto. Possuímos uma costa invejável, um conjunto de cinco freguesias com uma identidade própria, uma capacidade hoteleira significativa e uma população ativa elevada, comparativamente a outros concelhos da Região. Temos tudo para ser o motor do desenvolvimento económico da Madeira, no entanto, continuamos a viver à sombra do que poderíamos ser.
Ao longo das últimas décadas, PSD e JPP governaram a nossa terra. PSD e JPP fugiram sempre do dilema central do nosso concelho, que medidas temos que tomar para deixarmos de ser o “concelho dormitório” da Madeira? O que nos falta? O que precisamos de fazer? Como vamos agir? Nos últimos 12 anos, após a falência técnica deixada pelas sucessivas gestões autárquicas do PSD, o atual executivo reduziu a dívida, devendo esta estar toda liquidada, segundo os próprios, no próximo ano. Mas o que se fez com a restante margem orçamental?
Nos últimos 12 anos, cerca de 1/4 da dotação orçamental foi direcionada para o pagamento da dívida pública e o remanescente?
A resposta é curta: políticas avulsas. Este executivo limitou-se a implementar medidas de apoios sociais, deveras importantes, mas esqueceu-se do mais importante, o de semear a semente que transforme economicamente o nosso concelho. Desde apoios a bolsas de estudo, apoios à aquisição de medicamentos, o fundo social de emergência, pequenas comparticipações para cirurgias e exames, apoio à agricultura familiar. Sim, passaram 12 anos e 200 milhões de euros e fizeram apenas isto. De modo a não ser mal interpretado, quero frisar o seguinte: estas são medidas válidas, claro. Mas são paliativas, sem um planeamento próprio, sem uma estratégia com visão e ambição para Santa Cruz. Não prepararam nem estruturaram o futuro. Não mudaram a realidade económica do concelho. Não geraram mais postos de trabalho, por seu intermédio. Não aumentaram os rendimentos das famílias, por seu intermédio. Não atraíram investimento por seu intermédio. Não romperam com a imagem do concelho como mero dormitório da Região - o dilema central do nosso concelho.
Santa Cruz mantém-se como a sombra do Funchal, um concelho que, como oiço muitas vezes, “é para se dormir e pouco mais”. Servimos de lar para quem trabalha e vive a sua vida diurna no Funchal. Se isto é o ideal, podem continuar com o vosso trabalho. Na minha visão, não podemos tentar resolver um problema de décadas, com os mesmos de sempre. O concelho precisa de se reinventar e para isso é necessária uma nova liderança com coragem, com visão, com capacidade de execução e completamente desprendido da subsistência política.
A candidatura de Deodato Moniz pelo Partido Socialista representa essa oportunidade real de mudança. Um homem que se qualificou em Portugal e no estrangeiro, que vive na freguesia de Santa Cruz há 20 anos, que quer dar o seu melhor para reverter a estagnação em que vivemos. Muitos ainda podem não ter tido a oportunidade de o conhecer, porque não é um político de carreira. É um cidadão que vem da gestão, com provas dadas no setor da administração hoteleira, que pretende transformar Santa Cruz como um concelho de excelência, com rigor, com determinação e, acima de tudo, com visão. Alguém que conhece o concelho por dentro e está preparado para colocar Santa Cruz na linha da frente do desenvolvimento regional.
Santa Cruz deve deixar de ser um concelho de passagem, para ser um concelho de destino. Devemos ambicionar atrair investimento nacional e internacional, desenvolver o maior pólo empresarial da Região, gerar emprego qualificado e bem remunerado, valorizar a nossa identidade e explorá-la de forma sustentável. Podemos ser o concelho com o maior número de camas na Região. Podemos ser o concelho com o rendimento per capita mais elevado da Região. Podemos e devemos ser o maior contribuinte para o Produto Interno Bruto da Madeira até 2030. Compreendo que muitos possam não conseguir fazê-lo e considerem tudo isto uma miragem. Deixemo-nos de conformismo e vamos colocar as mãos à obra. A política social do Município deve ser uma base mínima de dignidade, um ato simples de gestão corrente, não um fim em si. Os apoios sociais são necessários, mas devem ser conciliados com a construção de condições e estratégias para o crescimento e desenvolvimento do concelho. Um concelho moderno que aposta na atração e retenção dos mais jovens, que capte investimento qualificado, que valorize as riquezas do seu território, como o vime e o folclore, que seja a essência do impulso para seguirmos.
Sou suspeito do Programa Eleitoral que, conjuntamente com muitos outros cidadãos, estamos a construir. O caminho não é do passado da falta de transparência e do endividamento grosseiro. O caminho não é o do presente, que nos levou à estagnação e ao marasmo que vivemos. O caminho é o do futuro, com um projeto político claro, estratégico e competente.
Santa Cruz merece mais, pode mais e os santacruzenses devem querer mais. Podemos ser muito mais do que aquilo que imaginamos.