Texto do amigo padre José Martins Júnior
Em junho de 2018, foi publicado no livro com o título: “Memórias do avô aos seus netos e netas”, com a foto do Padre José Martins Júnior, com o seguinte texto:
Desde muito jovem, ainda estava eu no Seminário do Funchal, habituei-me a ver um rapaz envolvido em diversas actividades de índole cultural e formativa, sobretudo na área de formação religiosa dos mais novos. Era o José Fagundes. Pelo seu temperamento expansivo, dotado de uma de uma fácil comunicabilidade, granjeava amigos onde chegava.
Fui-lhe seguindo os passos mais de perto e confirmei aquela primeira impressão: dinâmico, aberto e franco, generoso e dedicado às causas que abraçava, fossem quais fossem, desde às mais notórias às mais modestas. Numa palavra, ali estava líder nato.
Ao longo dos anos em que ao serviço de assistência aos movimentos católicos de então - com especial destaque a Acção Católica na Madeira - José Fagundes caminhava na vanguarda desses movimentos, inicialmente na órbita da JOC, Juventude Operária Católica. Sei que, devido à versatilidade do seu talento operacional, que facilmente se adapta aos mais diversos sectores e ambientes, foi repescado pela hierarquia para dinamizar os agregados sociais oriundos e residentes no meio rural. E então, ei-lo, qual cavaleiro andante, subindo às zonas periféricas da nossa ilha, galgando montes e vales, para conquistar à causa de Cristo os jovens e, com eles, as crianças e adultos, incutindo-lhes cultura, formação e sensibilização às ideias e ao mundo que os rodeavam, dando-lhes sempre a perspectiva cristã na interpretação da sociedade que estavam inseridos.
Fazendo um esforço de retrospectiva no tempo, não será difícil imaginar o somatório de sacrifícios que tais iniciativas comportavam tendo em conta o atraso cultural das populações rurais e as dificuldades de acesso a essas comunidades agrárias.
Posso afirmar, sem sombra de dúvida, que sem o ideal e a tenacidade de José Fagundes a Acção Católica Agrária e Rural nunca teria logrado o sucesso que conheceu, podendo ser considerado o apóstolo das zonas suburbanas e periféricas da nossa ilha, no domínio da formatação religiosa, sólida e actualizada.
Por isso, imagino a mágoa insanável de José Fagundes quando o mais alto titular da hierarquia da diocese, pós-25 de Abril, decidiu passar a fatal certidão de óbito a todos os movimentos da Acção Católica na Madeira. Para a história (infelizmente pouco conhecida nos dias de hoje) ficou o “Homem, de um só e de uma só fé“ na defesa dos autênticos valores do Evangelho. A Madeira rural tem para com ele uma enorme dívida de gratidão.
NOTA: O meu amigo Padre José Martins Júnior, muito contribuiu para o desenvolvimento da nossa Ilha da Madeira. A sua missão está cumprida. Presentemente está em coordenadas divinas.
José Fagundes