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Voto mais vezes do que vou à missa

A Vânia é que tem razão. Já vota mais do que vai à missa. É a sua percepção, secundada por um nómada digital de 25 anos que mora na Madeira

A frase, mais do que elucidativa, é da minha esteticista. Dei uma gargalhada e encontrei o mote para o que escrever este mês, pois a meio de tanto assunto inspirador nem sabia para que lado me virar. Mas a Vânia lá me guiou, inconscientemente, na direção de mais um possível acto eleitoral, porque o nosso país é rico e o de Belém é louco. Incapaz de deixar de ser o centro das atenções, o homem faz tudo para ser o foco de todos os factos, mesmo aqueles em que devia estar calado e deixar o país respirar.

Na Madeira, já daqui a 15 dias, vamos todos voltar às urnas. Em Setembro vamos escolher o “presidente da junta” e em Janeiro, felizmente, vamos escolher um novo Presidente. Se não houvesse limitação de mandatos ainda nos arriscávamos a vê-lo de novo aos beijos e às selfies às velhinhas e às mais novas sem qualquer bom senso.

Enfim, às vezes penso que é uma pena não haver eleições antecipadas para Chefe de Estado e que só o Supremo o possa fazer. Mas se for para o bem supremo da Nação, força, senhores doutores juízes. Não sei se os senhores tiveram oportunidade de ver televisão nos últimos dois dias, mas a Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia da República apurou que o de Belém é suspeito de abuso de poder. Deve ser a primeira vez que a mais alta figura do Estado é embrulhada numa máquina de lavar em que o próprio escolheu o programa. E deve ser a 90 graus, porque não o vejo recuperar das queimaduras autoinfligidas.

Não sei o que o move para eleições antecipadas, que parece ser o único a querer. Deve ser para desviar as atenções das Presidenciais, que o incomodam mais do que pimenta na parte de trás das cuecas. Mas sei que o de Belém é o único responsável pelas trapalhadas dos últimos meses, em que anda desnorteado e desesperado para meter na máquina de lavar a 90 graus um protocandidato que lidera as sondagens ainda antes de dizer se avança.

Todos lhe conhecem as manhas e artimanhas para desviar as atenções quando as coisas não lhe correm de feição. Pois é, se uma criança sozinha é capaz de tudo, imaginem gémeas. Conseguem dar cabo das hierarquias do Estado e entram, pacificamente, num hospital público depois de dois telefonemas. E se o Governo cair, a Comissão e as perguntas chatas também desaparecem. Na verdade, acho que ele só quer eleições para se safar de mais esta.

A Vânia é que tem razão. Já vota mais do que vai à missa. É a sua percepção, secundada por um nómada digital de 25 anos que mora na Madeira há dois anos e perguntou porque é que se vota tanto nesta santa terra. Realmente, duas regionais, umas legislativas e umas europeias, faz confusão a um jovem americano.

Alguém tem de pôr ordem na casa. Já se viu que numa casa cor de rosa em Belém a desordem paira na cabeça do inquilino. Que pode ser responsável pela quarta eleição em dez meses. Ainda bem que a última é para o homem ir embora, ou ainda vende o País por um par de lentilhas.