Cuidado com os “perfeitos”
Como ponto prévio gostaria de referir que não sou perfeita e que tenho o meu feitio, os meus defeitos e os meus dias. Além disso, com plena consciência das minhas limitações, não sou das pessoas que tudo prometem e que juram salvar o mundo e arredores.
Dito isto, e como o propósito dos caracteres de hoje, é abordar a soberba daqueles que se dizem “perfeitos”, que se consideram melhores que os outros e que se acham imaculados, tentarei dar alguns contributos para reflexão.
Falarei dos “perfeitos”, daqueles que, à mínima, saltam para as primeiras páginas, que tomam conta dos écrans e das publicações nas redes sociais e que condenam publicamente instituições e pessoas sem cuidado nem pudor. Fazem-no, construindo narrativas que subvertem a verdade, massificam situações pontuais e antecipam condenações.
E isto, como se tem visto, até o “azar” lhes bater à porta. Sim… o “azar” pode bater à porta de qualquer um pois somos humanos. E, quanto mais se faz, quanto maiores são as responsabilidades assumidas e as concretizações, maior é a probabilidade de termos esse “azar”.
Os “perfeitos”, que abundam na vida política, e que nas fases pré-eleitorais vociferam com maior intensidade, com a mesma perspetiva de aniquilar a qualquer custo o adversário o principal – e normalmente são todos contra um -, acabam por aliar o seu perfil justiceiro com uma vaga de propaganda e de promessas ocas e oportunistas.
Os “perfeitos”, além de nunca valorizarem as conquistas que a Região Autónoma da Madeira alcançou, o que já por si é revelador de um certo perfil, prometem casas a rodos, barcos, aviões, oposição a investimentos, incríveis reduções fiscais e alucinantes aumentos de benefícios. Afirmam que vão corrigir todos os problemas da saúde, da mobilidade, da habitação, da agricultura, do mar e das pescas, do ambiente, das infraestruturas e das dificuldades sociais existentes. Contudo, em momento algum, explicam como, com que recursos e quando o vão fazer.
A propósito, ainda no fim de semana li neste matutino num artigo de análise que “a menos que haja petróleo escondido nos mares da Madeira” se poderia dar como aceitável determinadas propostas. Compreendo perfeitamente o referido, pese embora, considero que nem assim seria possível executar tamanho desvario dos nossos “perfeitos”. Primeiro, porque com a vaga radical da defesa do ambiente, do animal e da sustentabilidade, nunca chegaríamos a poder explorar esse petróleo, e depois, porque no mundo dos não “perfeitos”, mesmo com fartura, há que fazer opções.
Assim, alienados da realidade, os diversos “perfeitos” locais alicerçam as promessas balofas em vagas afirmações como: “alternativa sólida e preparada”, “prontos para governar” e até chegam a propor a eliminação do fogo de artifício e uma limpeza da Madeira, quando nem a casa deles é asseada.
A par disso, numa perfeita alucinação, os “perfeitos” socialistas prometem, inclusive, “fazer aquilo que nunca foi feito” ainda que tenham estado na governação socialista ao lado – literalmente ao lado – do Sr. Dr. António Costa, que foi, tão só, um dos piores governantes de Portugal e que em nada favoreceu a Região.
Se é certo que nem tudo está bem – e nunca estará porque o ótimo não existe – compete aos Madeirenses e Porto-santenses do mundo real, do mundo não perfeito, com sabedoria avaliar o que está em jogo e não se deixar iludir pelos “perfeitos” insulares.