A população pede
Campo de golfe da Ponta do Pargo – adoro exercícios comerciais de engana-tolos…
Ando irritado com esta minha incapacidade crónica em seguir determinados raciocínios, lógicas políticas e respectivas decisões. Porque será que teimo em não chegar lá? Porque só pode ser teimosia não conseguir entender questões que são consecutivamente legitimadas e, pelo que leio, até advêm de pedidos expressos da população!
Deixo alguns exemplos e são uma selecção; não consigo ser exaustivo com a miséria de caracteres que me concedem… E falarei de obras, porque se enveredasse por subsídios e benesses diversas, nunca mais acabava. Aqui vai disto:
Cota 500 – ou, se preferirem, parque de estacionamento gratuito para as periferias. Custou penso que 42 milhões de euros. Qual o problema de trânsito que esta obra resolveu, que tanta gente desalojou? Não consigo perceber, nem depois da coisa feita e só espero que a população não peça para a cobrir, para os carros não se constiparem com o sereno da noite…
Novo Hospital – olhava para aquilo no papel e parecia-me grande… 300 milhões, para servir uma população de 250.000 habitantes quando em Évora se constrói, ao mesmo tempo, um por 150 milhões para servir 500.000 pessoas é, no mínimo, estranho mas, dizem-me, são os custos da insularidade. Agora que já está parte de pé, tenho de corrigir: - não é grande, é enorme! Pessoal para lá trabalhar não teremos suficiente, a pressão urbanística adjacente, um problema não antecipado e o trânsito um inferno que um túnel e mais uns milhões não vai resolver;
Campo de golfe da Ponta do Pargo – adoro exercícios comerciais de engana-tolos… Que tal convidarem, à semelhança do Nick Faldo, o Pauleta para uma visita ao campo de futebol da Camacha para ele explicar os benefícios da prática desportiva em ambientes mais frescos? Já fechou? Pois…. Só não digam é nada a nenhuma empresa de observação de pássaros, esse mercadito de cerca de 80 milhões de pessoas no mundo que antes cá vinham para essa actividade…
Cais 8 e Praça do Povo – “a.k.a.” praça do circo, que não há nada mais bonito do que receber quem nos visita de navio cruzeiro com o requinte de umas barracas de churros e farturas e mais uma tenda gigante. A ideia de varrer o lixo para a porta da frente de casa foi brilhante. Depois, plantar lá uma praça para a disfarçar, no lado contrário de onde deveríamos convidar os turistas a passear, a cereja no topo do bolo, que tem sido rematado com o belíssimo chantilly em lata da horrenda publicidade em cartazes autorizada;
Piscinas, pavilhões e campos de futebol – um povo que produz Ronaldos como pães quentes, só pode mesmo investir é nisto! E adoro a forma como, na maior parte dos casos, a política educativa promove, com o permanente esforço de adequação (de horários, por exemplo) a rentabilização destes espaços.
A população pediu, não foi? Por isso é que acho que só vamos lá no dia em que começarmos a receber o nosso vencimento bruto, cabendo a cada um de nós e não às empresas a entrega ao Estado dos impostos e contribuições devidas.