Velhas preocupações, novos desafios
Ontem como hoje, há um conjunto de temas e questões que continuam a ser pertinentes para uma conveniente gestão dos assuntos públicos.
As velhas preocupações carecem de atenção permanente. Estão nesse rol as que se relacionam com o subfinanciamento das Universidades e Institutos Politécnicos, e, nesse contexto, com as assimetrias decorrentes da inexistência de uma verdadeira política de coesão, que diferencie positivamente as Instituições de Ensino Superior (IES) do interior e sul do Continente, por comparação com as do litoral, bem como as das regiões autónomas da Madeira e dos Açores por comparação com o todo nacional. Esta preocupação, que é, na realidade, uma questão de política de investimento num setor importantíssimo para o desenvolvimento do País, arrasta consigo tópicos como a qualificação de recursos humanos (incluindo a formação para a docência, para suprir a carência de professores dos ensinos básico e secundário), a modernização infraestrutural das IES (edifícios, salas de aulas e laboratórios), a investigação científica (designadamente na estabilização da carreira de investigação), o incremento da internacionalização, a ação social escolar e até a política de propinas.
Não existe, neste conspecto, qualquer tipo de intenção ou invetiva no sentido de penalizar quem quer que seja. Existe apenas e tão-só a intenção de avivar preocupações que marcam o nosso dia a dia e que, por isso, devem permanecer no âmbito da nossa ação como cidadãos ou gestores da coisa pública.
Ainda que nem sempre velhas preocupações se casem com novos desafios, essa ligação é, neste caso, justificada, necessária e imperativa. As políticas de ensino superior devem, por isso, equacionar assuntos tão prementes como a adequação dos processos de ensino/aprendizagem à mudança da sociedade, aos hábitos e atitudes decorrentes da emergência dos novos meios tecnológicos; o cada vez maior e imprevisível impacto da inteligência artificial e respetiva implicação na sociedade, exigindo que as IES saibam conformar as suas estruturas de ensino e investigação a essa realidade; a qualificação de novos quadros para dotar as empresas e restantes instituições públicas e privadas de recursos humanos devidamente preparados; a internacionalização e competitividade das IES; a alteração e adequação de legislação aplicável às IES; e, num âmbito mais vasto, a execução de um plano exigente que permita que Portugal seja posicionado entre os melhores nestes itens de desenvolvimento.
Com a mente focada nos desafios que temos de enfrentar, a todos desejo um excelente ano de 2025.