Tenham juízo e sejam felizes
O final de ano é normalmente o período em que olhamos ao tempo que passou, ao que fizemos e ao que poderíamos melhorar. O ano de 2024 foi um ano desafiante a muitos níveis e no meu caso particular trouxe-me a enorme honra de representar a Região Autónoma da Madeira no Parlamento Europeu ao longo dos próximos 5 anos.
Este é um mandato de responsabilidade acrescida, sendo-o também pelo momento particularmente difícil com que a Europa se depara. Os desafios são enormes, só uma Europa unida e coesa permitirá superar todos eles, assegurando a continuidade de muitas das conquistas do projeto europeu, por um lado, e por outro, desenvolver respostas concretas para os problemas que hoje enfrentamos.
Tenho prioridades bem definidas para este mandato e sou conhecedor das nossas especificidades, motivo pelo qual fiz questão de integrar as comissões de transportes e turismo, de desenvolvimento regional e das pescas. Enfrentamos desafios que vão desde a mobilidade e transição energética, à agricultura, passando por áreas como a habitação ou o combate à pobreza.
É também por isso que volto a referir a responsabilidade, minha enquanto deputado ao Parlamento Europeu, mas que é e terá de ser partilhada com todas as instituições públicas e forças vivas da nossa Região, de forma apartidária, colocando sempre em primeiro lugar o interesse da Madeira e das nossas pessoas.
O ano que agora finda fica também marcado por eleições e instabilidade política, decorrentes de diversos fatores, mas que preocupa naturalmente todos os madeirenses. E é para mim fundamental que todos contribuam definitivamente para a credibilização da política.
Considero que há três aspectos fundamentais que devem ser condição para quem se dedica à atividade política: primeiro, fazer política de proximidade, junto das pessoas, pois só conhecendo os problemas podemos apresentar as melhores soluções. Em segundo, ser fiel aos seus valores e princípios, e terceiro, manter coerência ao longo de todo o percurso político, pois só assim se assegurará credibilidade e confiança junto das pessoas.
Como bem sabemos, vivemos momentos difíceis e desafiantes. Credibilizar a atividade política é uma obrigação, agindo pelo exemplo, mas essa credibilização, ao contrário do que muitas vezes se pensa, não compete apenas aos políticos. Por isso lanço também um repto a quem tem a obrigação escrutinar as ações ou a tarefa de informar, do cidadão comum à comunicação social. Isso significa discutir e debater ideias, projetos, iniciativas ou propostas, nunca pessoas.
Sempre gostei da citação “grandes mentes discutem ideias, mentes comuns discutem eventos, mentes pequenas discutem pessoas”. E nunca, como hoje, me fez tanto sentido. Todos temos responsabilidades, todos temos de ter juízo e só assim poderemos superar os enormes desafios que temos pela frente, neste futuro incerto.
A nível pessoal, existe também esta incerteza, na vida de cada um de nós, motivo pelo qual a introspeção de final de ano tem de resultar em crescimento e evolução, ou pelo menos servir para despertar consciências. Permitam-me uma breve partilha de dois momentos que me marcaram profundamente. Poucos dias antes do Natal, partiu de forma súbita e inesperada um dos meus tios que mais me marcou na infância, deixando boas memórias, mas ao mesmo tempo a sensação de nunca podemos dar como garantido que haverá tempo para um abraço ou uma conversa. Nos últimos dias, uma das meninas mais inteligentes e doces que conheço, praticamente desde que nasceu, sofreu também de forma súbita e inesperada de um problema de saúde que deixou todos os que a conheciam em suspenso, rezando por um milagre de Natal. Muitas vezes desvalorizamos o bom que a vida nos traz a cada dia, mas a sua fragilidade deve fazer-nos pensar em aproveitá-la ao máximo. Por isso façam valer a pena. Vivam, abracem, amem e sejam muito felizes em 2025!