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Chegadas incessantes a Lampedusa voltam a sobrelotar 'hotspot'

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Foto AFP

O centro de acolhimento na ilha italiana de Lampedusa encontrava-se esta sexta-feira de novo sobrelotado, depois da chegada de mais 791 migrantes socorridos ao longo da noite no Mar Mediterrâneo e de 200 outros hoje de manhã.

Com capacidade para albergar cerca de 400 pessoas, o centro de acolhimento (estruturas também conhecidas como 'hotspot') de Lampedusa tinha hoje de manhã cerca de 2.200, depois de, nas últimas 36 horas, um total de 2.168 migrantes que atravessaram irregularmente o Mediterrâneo desde a costa africana terem sido resgatados por navios da guarda-costeira italiana e também de organizações não-governamentais (ONG), como a Open Arms, e levados para a ilha italiana (sul).

As autoridades italianas deverão ainda hoje proceder à transferência de meio milhar de migrantes para a ilha da Sicília, por ferry, e de outras 200 para Bari, capital da região de Apúlia, no sul da península, por avião.

De acordo com os dados mais recentes do Ministério do Interior italiano, este ano já desembarcaram nas costas italianas cerca de 92 mil migrantes, mais do dobro dos 42.640 registados no mesmo período no ano passado.

Mais próxima da costa africana do que da própria Sicília, à qual pertence administrativamente, Lampedusa, uma pequena ilha de 20 quilómetros quadrados com cerca de seis mil habitantes, é o ponto mais a sul de Itália, tendo-se tornado um dos principais pontos de entrada na Europa de migrantes irregulares, na sua maioria subsaarianos, que atravessam o Mediterrâneo em embarcações precárias operadas por redes de traficantes desde a Líbia e Tunísia.

Atualmente a situação é de tal forma crítica, com dezenas de embarcações em dificuldades no Mediterrâneo, que as autoridades italianas esta semana pediram ajuda às ONG, isto apesar de o Governo liderado por Giorgia Meloni (uma coligação de direita e extrema-direita), assumidamente anti-imigração, ter restringido as atividades destas organizações nas operações de busca e salvamento, impedindo, por exemplo, mais do que um resgate em cada saída para o mar e destinando-lhes portos distantes para os desembarques.

No mês passado, a Comissão Europeia anunciou um apoio financeiro de emergência de 14 milhões de euros para melhorar as condições do centro de acolhimento de migrantes de Lampedusa, "tendo em conta o aumento do número de chegadas por via marítima registado em Itália em 2023 e as situações de sobrelotação particularmente frequentes no 'hotspot'".