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A Madeira não gosta do PS

O Partido Socialista anunciou as suas jornadas parlamentares na Madeira como o “tiro de partida” para as eleições regionais que o Presidente da República marcou para o dia 24 de setembro deste ano, tendo, no enquadramento dessas jornadas, o amorfo e desconhecido líder parlamentar do PS na Assembleia da República, assumido, para além da intenção de “ajudar” o PS Madeira, a necessidade de começar logo a preparar o debate sobre o Estado da Nação.

Efetivamente António Costa mais não fez que vir à Madeira ensaiar as habituais trivialidades com que entretém o país. Sobre a Madeira, voltou a não dizer absolutamente nada de importante. Referiu apenas que “a Madeira nem sempre gosta do PS”. Não conseguiu esconder a consciência da inconsistência da estrutura socialista local e a falta de confiança nesta estrutura e no sucesso eleitoral do projeto político que timidamente tenta apresentar aos madeirenses. E nem a ode bajulatória do novo presidente regional do PS à governação socialista da república, sensibilizou António Costa que continuou a ignorar a Madeira. Foi um desastre absoluto. O presidente do PS Madeira, deslumbrado na nova casa, e com grande ingenuidade, cometeu mais um erro comprometedor: declarou o seu amor a quem ignora a Madeira, a quem não gosta da Madeira. É evidente que, com esta postura de submissão e com este discurso suicida, não só se deixa apagar politicamente, como se distancia de tudo o que os madeirenses esperam de quem pretende assumir responsabilidades políticas ao mais alto nível.

Numa região que tem sido um exemplo de coesão e de estabilidade governativa, o presidente do PS Madeira conseguiu encontrar razões para elogiar uma governação socialista nacional, cuja marca de incompetência e de instabilidade obrigou já à intervenção do Presidente da República que não se conteve perante a sucessão de casos vergonhosos de amadorismo provinciano que descredibilizam as instituições e não dignificam o estado de direito democrático.

António Costa consegue, não só ter o governo absolutista mais instável da nossa história, como ainda faltar à verdade ao cidadão mais humilde que o aborda na rua. E isto diz muito. Não posso deixar de lamentar a resposta vergonhosa e insensível que deu a uma senhora lesada do Banif que já nem “consegue ir à mercearia”. Como pode António Costa passar a responsabilidade apenas para os gestores dos bancos?!... E a supervisão bancária?!... Mas mais, foi ele quem, à pressa, no final de 2015, no dia 23 de dezembro, às 23 horas e 45 minutos, de forma irresponsável, mandou avançar com medidas específicas que desviaram todo o ativo do banco. Foi o governo de António Costa que permitiu o desvio de ativos que esvaziou completamente o banco e comprometeu a recuperação dos créditos dos lesados. Não pode, pois, vir, agora, depois de ter anunciado a criação de um fundo, dizer que afinal não tem forma de prosseguir com esta solução porque o Estado não conseguiria recuperar o dinheiro dos contribuintes que teria de adiantar. E diz isto depois do próprio Tribunal de Contas ter tornado público que “desde a resolução do BES, em meados de 2014, o universo BES/Novo Banco custou aos contribuintes portugueses cerca de 7,9 mil milhões de euros até final de 2020”.

É caso para dizer que o anunciado “tiro de partida” socialista foi afinal um tiro no próprio pé. É um partido aselha que já não tem pés para tantos tiros. É evidente que a Madeira nunca se deixou enganar pelo PS. É evidente que os madeirenses não gostam de quem os tenta enganar e de quem incumpre promessas, compromissos e obrigações constitucionalmente consagradas. A Madeira não precisa da impreparação, da incompetência, da incoerência, da irresponsabilidade e da instabilidade socialista. E a Madeira também não precisa de liberais egoístas, de populistas, de extremistas e de oportunistas demagogos.