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Mandela

Hoje comemora-se o dia internacional Nelson Mandela, instituído pela ONU, na data em que nasceu o líder sul-africano. Associo-me à homenagem que o dia representa rebuscando no baú da história para reflectir, uma vez mais, sobre um dos políticos mundiais que mais admiro e considero.

Foi no Soweto onde tudo começou. Há uns anos fiz a visita que se impunha. E escrevi parte do que está aqui. Almocei por ali. Uns cem metros abaixo, vi a casa de Mandela, uns cinquenta metros depois, a de Desmond Tutu. Deve ser a rua mais importante do Mundo, pensei. Com dois prémios Nobel. No Soweto. Onde a revolução teve origem, alastrou e ganhou. E onde acabou o inqualificável regime de segregação racial.

África do Sul é uma grande nação. E nada como ver para se perceber. A sua enormidade, a beleza, a qualidade, o potencial, a prosperidade, a tolerância, a reconciliação. Apesar da preocupante criminalidade.

Visitei então o Museu do Apartheid e entendi o que só se entende sentindo. E estar perto ajuda a sentir melhor. Só lá indo se pode compreender o alcance da palavra tolerância na sua plenitude. Este grande estado africano é o que é graças à transigência. Não a que a minoria branca não teve em relação aos negros durante tantos anos. Mas a que estes têm, findo o sistema de separação racista.

Esse sentimento de condescendência inter-étnica tem o nome de um homem resistente, paciente, clemente. Que, depois de feito prisioneiro durante 18 anos, em vez de ódio, ofereceu complacência, reconciliação, democracia. Falar do país é falar de tolerância. Que, por sua vez, significa Mandela. Um ser humano extraordinário. Dos mais extraordinários que teve o nosso tempo.