Madeira

Anúncio de ação contra ARM feito por Santa Cruz é "exagero de pré-campanha"

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O presidente do governo madeirense acusou o responsável do município de Santa Cruz de "exagero de pré-campanha" ao anunciar hoje que vai "agir judicialmente contra a ARM (Águas e Resíduos da Madeira) devido ao corte no fornecimento ao concelho.

Miguel Albuquerque falava aos jornalistas no âmbito da visita que efetuou hoje à 66.ª edição da Feira Agropecuária, no Porto Moniz, no norte da ilha, tendo sido confrontado com a publicação do presidente do município de Santa Cruz, o único governado pelo Juntos Pelo Povo (JPP) na sua página do Facebook.

Filipe Sousa recorreu a esta ferramenta para acusar a ARM a empresa pública que desenvolve as suas atividades em alta em toda a Madeira, com exceção dos concelhos de São Vicente e Porto Moniz, e em baixa fornece aos consumidores finais dos cinco municípios aderentes: Câmara de Lobos, Machico, Porto Santo, Ribeira Brava e Santana- de estar a "usar a água como arma política".

Naquele espaço, o autarca denuncia o que classifica de "consumada falta de vergonha, o inaceitável crime e o ataque sem precedentes ao poder local que está a ser levado a cabo pelo Governo Regional, através do braço armado que é a empresa pública Águas e Resíduos da Madeira (ARM)".

"O ataque que tem sido feito aos municípios de Santa Cruz e Ponta do Sol é inaceitável e um crime que lesa os interesses e os direitos constitucionais dos cidadãos, que não podem, sob nenhum pretexto, serem castigados por terem livremente escolhido diferente para a governação dos seus concelhos, votando em partidos que não são os do eixo PSD/CDS", argumenta.

Sábado, também a Câmara da Ponta do Sol, na zona oeste da Madeira, governada por uma maioria PS, também criticou a situação de cortes no fornecimento de água ao concelho pela ARM.

Para o responsável autárquico de Santa Cruz, o que a ARM "está a fazer é abjeto, cruel e desonesto", porque "cortam a água no abastecimento em alta, escondem que existem concelhos geridos pela ARM com maiores perdas de água, e depois ainda chamam a comunicação social para filmar os tanques vazios da água que cortaram ou desviaram para os concelhos vizinhos.

Filipe Sousa recorda que, durante a governação do PSD neste concelho as perdas de água eram mais de 80%, o investimento era nulo e as reações sociais-democratas não pagavam a água que compravam à ARM, que resultou numa dívida de "lagos milhões de euros", nunca tendo ocorrido o corte do fornecimento.

E compara com a situação atual, mencionando as perdas diminuirão para 55%, foi feito um investimento superior a seis milhões de euros no combate a esta situação e o "regime vigente decide cortar e limitar o fornecimento de água a Santa Cruz".

"Nem as piores ditaduras seriam capazes de tamanha atrocidade", opina o presidente da câmara, censurando também o silêncio da Associação de Municípios da Madeira (AMRAM), liderado pelo social-democrata Pedro Calado, o presidente da câmara do Funchal , face a "esta ofensiva contra seus associados e alinha com esta agressão à autonomia do poder local".

Face a esta situação, Filipe Sousa anuncia que "vai agir judicialmente contra a ARM e os seus gestores, em defesa da população, dos direitos constitucionais e da democracia".

Na reação, o presidente do Governo Regional argumentou que " problema é que na rede, sendo gestão da câmara, já devia ter sido feitos investimentos importantes na reabilitação da rede".

"Os dados são os factos, há um conjunto de infraestruturas na rede de Santa Cruz que estão anacrónicas, tem muitas fugas é preciso fazer investimentos. A câmara tem fazê-los no sentido de atenuar as perdas de água", declarou Miguel Albuquerque.

O governante madeirense apontou que "o problema da Câmara de Santa Cruz é que tem ruturas na rede muito elevadas. Isso está contabilizado. Tem de fazer investimento na rede uma vez que é a câmara que faz a distribuição e a ARM fornece a água".