Cafôfo nada aprendeu e, ainda por cima, o sorriso perdeu brilho

Paulo Cafôfo está de volta à Madeira. Fugiu de Lisboa, como já tinha fugido da Madeira. Depois de antes, destruir o que liderou. Por cá, o PS. Por lá, umas Comunidades que conseguiu a proeza de desagradar a todos ou quase todos os emigrantes.

E, infelizmente, não aprendeu nada ao longo destes tempos. Com a agravante de o seu sorriso, também menos frequente, estar bem mais mortiço. Mas, numa coisa mantém-se igual: continua com as suas falsas promessas, com as suas “meias-verdades”, avançando com medidas que sabe perfeitamente não serem exequíveis.

Como, aliás, já vez no passado, quando anunciou, na qualidade de líder do PS madeirense e na companhia de António Costa, ambos aos saltinhos em Machico, um ferry a ligar a Madeira a Lisboa, ou quando, já como secretário de Estado, garantiu ligações diretas entre Caracas e o Funchal, que nunca se vieram a concretizar.

Paulo Cafôfo, é preciso recordar, perdeu as legislativas de 2019. E as Europeias de 2021. E as autárquicas de 2021. Não venceu, em qualquer ato eleitoral, Miguel Albuquerque. Nem mesmo o de 2019, aquele em que já tinha encomendado o fogo-de-artifício, mas que manteve debaixo do palco em que iria discursar, na Praça Amarela.

Diz Paulo Cafôfo que retirou a maioria absoluta ao PSD. Não, não retirou. Primeiro, porque os madeirenses não deram a maioria absoluta ao PSD, mas também não a deram ao PS. Optaram por outros partidos, um deles a conseguir o número de deputados suficientes para garantir ao PSD mais uma nova maioria absoluta. Em coligação, mas, sim, maioria absoluta! E não vale a pena, ex/novo (ex, possivelmente de novo, daqui a uns tempos) líder do PS, criticar o PAN, como já fez no passado com o CDD, partido este com quem namorou e até prometeu lugares, de modo a convencê-los a assumir uma coligação, essa sim contranatura, onde entrariam partidos de vontades tão distintas.

Paulo Cafôfo fala em retirar os madeirenses da pobreza? Da mesma forma que retirou quando esteve na CMF? Ou quando fez parte de um Governo que fez aumentar essa mesma taxa de pobreza, ao contrário da Madeira que a tem feito descer de ano para ano? E, sejamos sérios, essa taxa tem muito que se diga, quando um dos critérios é ter-se ou não aquecedor em casa…. Como se a generalidade dos lares madeirenses precisasse de aquecedor. Ou quando, lemos que Lisboa tem maior índice de risco de pobreza do que o Alentejo!

Mas, voltando ao cerne da questão, parafraseando um dos seus antigos correligionários, depois traído e jogado fora, Paulo Cafôfo arrisca-se a começar o seu mandato, na liderança socialista, com três derrotas (as internas socialistas, as legislativas nacionais e as europeias). Se acontecer o que se espera como é que irá reagir? Fugirá, como de costume?! Como fez quando após perder, em grande escala as Autárquicas – eleições de que curiosamente pouco fala – abandonou o parlamento e a liderança socialista, garantindo que voltaria a dar aulas. Não foi, surgiu em Lisboa, como secretário de Estado das Comunidades.

Onde, lembre-se, também estaria de saída, após ter cometido uma deslealdade com o seu então líder, António Costa, ao avançar para uma candidatura ao PS da Madeira (onde tinha colocado a sua “barriga de aluguer”) sem qualquer aviso prévio.

O PS, à boa maneira portuguesa, agarra-se a um Dom Sebastião, a quem o pode salvar do naufrágio dos últimos anos. Arrisca-se, perspetivo, a uma nova desgraça. E, creiam os socialistas madeirenses, quando olharem para o lado, após mais uma derrota, ele já não estará. Fugirá para qualquer parte, culpando os outros (talvez Sérgio Gonçalves, talvez Rui Caetano, talvez até Jacinto Serrão ou Vítor Freitas, de certeza Carlos Pereira). E esperará para que o nevoeiro volte, para que possa regressar, mais uma vez.

Ângelo Silva